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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2011 Christine Rimmer

© 2015 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Noivos à força, n.º 1489 - Setembro 2015

Título original: Marriage, Bravo Style!

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7068-0

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

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Capítulo 1

 

– Elena, não sei como dizer isto...

– Dizer o quê? – Elena Cabrera tentou morder o taco sem que o recheio caísse.

– Conheci outra pessoa.

Elena voltou a deixar o taco no prato e contemplou o atraente Antonio Aguilar.

«E eu a tomar a pílula...», pensou.

Há dois meses que namoravam e há duas semanas que começara a tomar a pílula, realmente convencida de que Tonio seria a sua relação definitiva.

– És uma mulher bonita, Elena – os olhos cor de chocolate refletiam pesar. – Não entendo porque não conseguimos encaixar...

Encaixar. Não tinham encaixado. Era esse o problema?

Porque, certamente, havia um problema. Aos vinte e cinco anos, continuava a ser virgem.

Não que tivesse alguma coisa contra isso. Até há bem pouco tempo, ser virgem fora uma opção sua.

Afinal, era uma mulher de princípios. Estivera a guardar-se para o amor verdadeiro, sincero, definitivo. Como aquele que a irmã Mercy tinha com Luke.

Como aquele que os pais tinham tido. Ou, pelo menos, como sempre tinha acreditado que tinham. Contudo, há três anos, tinha descoberto que Javier Cabrera não era o seu pai biológico, mas sim Davis Bravo, o pior inimigo de Javier. A mãe tinha mentido durante anos, fazendo-o acreditar que era filha dele. Fazendo-a acreditar nisso também.

Não era preciso dizer que os pais já não estavam juntos.

– Elena – Tonio inclinou-se para a frente. Parecia estar muito desconfortável. – Ouviste-me?

– Hum... Sim. A nossa relação não resulta. Encontraste outra pessoa.

– Esse é o problema. Estás consciente disso?

– Esse?

– Esse – soltou um palavrão em voz baixa e abanou a mão bronzeada, enquanto as maçãs do rosto perfeitas coravam. Na verdade, não parecia nada satisfeito. – Tu.

– Eu.

– Tu, Elena. Quando estamos juntos, comportas-te como se estivesses a milhares de quilómetros de distância – afastou o prato no qual não tocara. – E, desde que conheci Tappy... Bom, não há comparação. Tappy adora-me. E um homem precisa de saber que tem uma mulher disponível para ele, que tem a sua atenção absoluta cada vez que abre a boca.

– Espera... Tappy? Chama-se Tappy?

– Para cúmulo, gozas com o nome dela – disse, exibindo uns dentes brancos, perfeitos. – Ela interessa-se por mim. Interessa-se verdadeiramente. E tu gozas com o nome dela – e proferiu mais palavrões.

– Vá lá, Tonio... – Elena sentia-se culpada. Deixava-a e ela sentia-se culpada?

– Não – e levantou as mãos. – Chega! Nem sei porque me preocupei em dizer-te. Não parece que te importes minimamente com isso.

– Tonio, por favor...

– Acabou.

– Sim, eu sei. Já me disseste. Mas, não poderíamos pelo menos...?

– Para! – Antonio atirou algumas notas para cima da mesa, para pagar a refeição. – Nunca me respeitaste. Nunca me desejaste – e pôs-se de pé. – Agora, tenho uma mulher a sério. Adeus, Elena.

Não o seguiu com o olhar. Acabou de comer, sem tirar os olhos do prato. Não queria saber se olhavam para ela. A situação já era suficientemente embaraçosa.

Não só tinha perdido Antonio, como não se sentia mal por isso.

O que se passava com ela? Às vezes, não conseguia evitar questionar-se.

Enquanto pagava a conta na caixa, o telemóvel tocou.

– Olá – cumprimentou Mercy.

– Olá – Elena sorriu ao ouvir a voz da irmã, enquanto se dirigia para o carro.

– Já soubeste? – perguntou Mercy. – O papá acha que encontrou um comprador para a empresa. Penso que é um amigo de Caleb – acrescentou.

O pai era construtor civil, diretor e dono da empresa Cabrera Construction, e há já algum tempo que falava em se reformar. Caleb era um dos sete filhos de Davis Bravo e, portanto, meio-irmão de Elena, além de cunhado de Mercy, casada com Luke, outro dos filhos de Davis.

Apesar das complicadas relações familiares entre as duas famílias, a situação não o era tanto. Entre outras coisas, porque Mercy, ao contrário de Elena, não tinha laços de sangue com os Bravo, nem com os Cabrera, pois fora adotada aos doze anos.

– Já me lembro – Elena abriu a porta do carro. – Caleb mencionou um tipo que conhecera em Dallas, Logan não sei quê, que poderia estar interessado.

Caleb e ela não só eram meios-irmãos, como também eram muito amigos.

– Rogan, não Logan – corrigiu Mercy. – Rogan Murdoch.

– Rogan, é isso – Elena sentou-se ao volante e ligou o motor, para que o ar condicionado começasse a funcionar. Em San Antonio, podia fazer tanto calor em abril como em agosto noutros lugares. – Caleb disse que ele dirige a empresa da família.

– A Murdoch Homes – confirmou a irmã. – Está neste momento com o papá...

– Está com o papá, no escritório?

– Foi o que me disse, quando lhe telefonei.

– Achas que devia passar para lá? – Elena ajustou a saída de ar, para que lhe batesse no rosto. – Dar uma olhadela a esse tipo?

– Eu vou – Mercy era veterinária, especializada em gado, – mas tenho de tratar de um bezerro doente. E depois de Lucas.

Lucas era o filho de dois anos e, além disso, estava grávida de dois meses.

Um amor verdadeiro, um bebé e outro a caminho. Mercy tinha tudo. Elena adorava a irmã mais velha, razão pela qual não morria de inveja dela.

– Eu trato disso – e aproximou-se um pouco mais da saída de ar. – Hoje, é sexta-feira Santa. Não tenho nada para fazer – era professora num colégio e não havia aulas nesse dia.

– Tens a certeza? Pensei que tinhas dito que ias almoçar com Antonio...

– Oh... – Elena recostou-se no banco. – Isso...

– O que aconteceu?

– Acabou comigo, enquanto comia um prato de tacos de peixe.

– Não!

– Sim.

– Estás bem?

– Por muito estranho que pareça, sim. Estou perfeitamente bem.

– Querida...

– Tonio conheceu outra.

– Canalha!

– Chama-se Tappy.

– Tappy?

– Foi o que eu disse. E não penses que não te ouço a rir.

– Tappy?

– Para, Mercedes.

No entanto, Mercy não parou e, poucos segundos depois, a irmã desatou às gargalhadas.

– Bom – Mercy recuperou um pouco a compostura, – pelo menos, não te partiu o coração.

– Não. E isso é verdadeiramente deprimente.

– Elena... – disse a irmã mais velha, com doçura. – Há alguém por aí, para ti. Tenho a certeza.

– Se tu o dizes... Tenho vinte e cinco anos e nunca estive apaixonada.

– Nunca? E Roberto Pena?

– Isso foi no colégio. Passou uma década, caso não te tenhas dado conta disso.

– Vais chegar, vais ver.

– Tenho de desligar – Elena endireitou-se no banco. – Vou dar uma olhadela a esse tal Rogan.

– Liga-me. Quero saber a tua opinião sobre ele.

 

 

A Cabrera Construction ocupava metade de uma rua cheia de oficinas e armazéns de materiais de construção. Há alguns anos, fora a sede de um negócio de carros em segunda mão e o edifício central, de teto direito, antigo salão de exposições, estava rodeado de um parque de estacionamento. Janelas enormes davam para a receção gigantesca, da qual saíam corredores que conduziam aos escritórios. Nas traseiras do edifício, havia mais um parque de estacionamento e quatro armazéns grandes, onde o pai guardava maquinaria e materiais de construção.

Elena estacionou junto do carro do pai. Na mesma fila, havia mais três carros. Um era o da secretária do pai e o outro de um dos empregados. Mas também havia um Mercedes que nunca tinha visto, um desportivo cinzento-metalizado.

Ao entrar no edifício, propriedade do pai há quase vinte anos, sentiu uma certa tristeza. Tinha muitas lembranças daquele lugar. Lembranças do tempo em que os pais ainda estavam juntos, tão apaixonados que chegava a ser um pouco embaraçoso.

Se fechasse os olhos, quase podia ouvir as suas gargalhadas e as da irmã, enquanto brincavam à apanhada ou às escondidas.

«Apanhei-te!», gritava a irmã mais velha, triunfante.

«Não é justo!», choramingava Elena.

«É!»

«Papá, Mercy fez batota...»

«Não sejas bebé», dizia a irmã, enquanto lhe deitava a língua de fora. «Não fiz batota».

«Sim, fizeste!»

Elena abriu os olhos e a lembrança das vozes infantis desapareceu. Em breve, outras crianças iriam correr e brincar ali.

Nenhuma das filhas de Javier Cabrera tinha mostrado a mínima inclinação para seguir os seus passos. Elena era professora e Mercy veterinária. E não havia um filho varão. O pai tinha quase sessenta anos e queixava-se com frequência de como estava cansado e do quanto lhe apetecia viajar, e ver o mundo.

Se chegasse a acordo com o amigo de Caleb, talvez conseguisse a tão ansiada liberdade. Era uma pena que não tivesse uma esposa ao seu lado, com quem desfrutar da reforma.

Deveria sair mais. Conhecer alguém. No entanto, apesar de não haver qualquer hipótese de reconciliação com a mãe, ambos eram católicos devotos e nunca haveria outra pessoa, para nenhum deles.

Mas talvez se surpreendessem e refizessem a sua vida de uma forma feliz.

– Elena! – Marcella, secretária do pai desde que se lembrava, sorriu.

– Olá. O meu pai está?

– Está com o comprador – informou. E inclinou a cabeça ruiva para o corredor que conduzia ao gabinete de Javier e à sala de reuniões.

«O comprador». Teriam chegado a acordo?

– Posso entrar?

– Não vejo porque não – Marcella encolheu os ombros.

– Não quero interromper nada importante – e hesitou.

– Não há problema – a secretária sorriu novamente, enquanto se ouviam vozes masculinas cada vez mais perto. – Já vêm aí.

– Elena! – o pai cumprimentou-a com um sorriso caloroso que refletia cansaço.

Tinham progredido muito desde aqueles primeiros dias horríveis, depois de descobrirem que não era sua filha biológica. Durante algum tempo, mal conseguira olhar para ele a cara e odiara-se por isso. Mas nunca lhe tinha guardado rancor. Compreendia a dor dele, porque era como a sua.

Pouco a pouco, tinham retomado relação que tinham, a de pai e filha.

– Papá... – Elena deixou-se envolver pelos braços fortes do pai. Cheirava a segurança e a tudo o que havia de bom no mundo, a loção pós-barba e a flores ao sol. – Decidi passar por aqui.

– Fico feliz.

Largou-a e, ao levantar o olhar, achou-o muito velho, de repente. O seu querido papá. Velho. Quando tinha acontecido isso?

– Elena, apresento-te Rogan Murdoch.

Olhou com atenção para o homem que acompanhava Javier, reparando nos ombros largos e no rosto tipicamente irlandês, no qual se destacavam uns olhos verdes, sobrancelhas perfeitas e lábios carnudos. O queixo era quadrado e o nariz parecia que já tinha sido partido, pelo menos uma vez. Não era exatamente bonito, mas era atraente... E muito masculino.

– Elena – sorriu e dirigiu-se a ela como se já a conhecesse, como se tivesse estado à espera dela. – Caleb falou-me muito em ti.

A mão enorme e forte engoliu, mais do que apertou, a dela. Elena mal conseguia respirar.

– Íamos almoçar – acrescentou ele. – Porque não vens connosco?

Elena soltou-se. Era melhor não lhe tocar. Mas não conseguiu evitar olhar para a mão dele.

Tinha dedos fortes, compridos. E nenhum deles usava aliança.

– Já almocei, obrigada – conseguiu dizer, num fio de voz.

– Vem connosco – pediu o pai. – Bebes alguma coisa ou comes uma sobremesa.

– É que...

– Vem, por favor – sussurrou Rogan, com voz profunda e ligeiramente rouca. – Acompanha-nos.

Elena sentiu um calafrio. Não conseguiria ter recusado, mesmo que a sua vida dependesse disso.