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Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2002 Harlequin Books S.A. Todos os direitos reservados.

UMA SOLUÇÃO IDEAL, N.º 26 - Abril 2013

Título original: Plane Jane & Doctor Dad

Publicada originalmente por Silhouette® Books

 

© 2002 Harlequin Books S.A. Todos os direitos reservados.

UM CASAMENTO ESPECIAL, N.º 26 - Abril 2013

Título original: And the Winner Gets... Married!

Publicada originalmente por Silhouette® Books

Publicados em português em 2004

 

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.

Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.

® Harlequin y logotipo Harlequin são marcas registadas por Harlequin Books S.A.

® e ™ São marcas registadas pela Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas que têm ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-2942-8

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

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Na cidade de Chicago

 

Maio: ouvem-se novamente os sinos nupciais para os Connelly. Desta vez repicam pela última incorporação à «Família Real»: o Dr. Doug Connelly casou-se numa cerimónia íntima com a enfermeira Maura Chambers. Felicitamos a noiva por ter conquistado o pediatra mais atraente de Chicago desde o Dr. Ross, interpretado por George Clooney.

É muito recente a reunião do patriarca Grant Connelly com os dois filhos ilegítimos, fruto de uma antiga relação, os gémeos Doug e Chance Barnett. Este último, membro da Patrulha Especial da Marinha, está, segundo parece, novamente em missão secreta.

Mas nem sequer a presença de dois novos e imponentes Connelly foi suficiente para impedir o desastre ocorrido na noite passada na Corporação Connelly, quando uma falha no sistema informático esteve prestes a apagar toda a informação do gigante empresarial. Um porta-voz da empresa comunicou que a hipótese de sabotagem não foi ainda posta de parte.

Dada a sua meteórica ascenção ao cume dos negócios do país, já para não falar da beleza da sua esposa, a antiga princesa, é de suspeitar que Grant esteja a ser alvo do monstro da inveja.

Mas quem é que está contra esta respeitada figura de Chicago?

Capítulo Um

 

Quando Maura Chambers saiu do gabinete de Scott Walker, sabia que nunca mais o voltaria a ver. Mas ele não lhe disse «boa sorte», e nem sequer «adeus». Continuou a organizar os papéis sobre a sua secretária, ignorando-a como se ela já tivesse desaparecido da sua vista.

Maura saiu para o agitado corredor do hospital, resistindo à tentação de bater com a porta. Mas, o que é que ganharia com isso? Só serviria para dar mais que falar aos curiosos. Não tinham já tirado suficiente proveito do seu romance falido? Com sorte, dentro de poucos dias, Scott estaria de saída para se incorporar no seu novo trabalho e numa nova vida a centenas de quilómetros dali. E ela ver-se-ia livre dele. Quase. Porque, por muito que a horrorizasse ter que enfrentar Scott novamente, tinha-se visto obrigada a revelar-lhe o seu segredo. Afinal de contas, ele também tinha a sua quota-parte de responsabilidade. Mas Maura tinha demorado apenas um segundo a compreender que Scott não via as coisas da mesma maneira. A sua reacção tinha sido uma perfeita desilusão. Mais do que fria ou antipática. Maura tinha sentido o estômago virado do avesso.

Mas, depois de tudo, o que é que ela esperava? Tinha que o ter adivinhado, depois da noite em que Scott lhe tinha anunciado que se ia embora de Chicago.

Olhando para trás, Maura voltou a enfurecer-se ao lembrar-se de como tinham sido claras as suas intenções calculistas. Ele tinha escolhido um restaurante que estava na moda para ter aquela conversa, um sítio muito formal, no qual podia garantir com quase cem porcento de certeza que ela não faria uma cena. Quando o empregado os tinha conduzido àquela mesa tranquila, iluminada por velas, Maura tinha mesmo chegado a pensar que Scott a ia pedir em casamento.

E, na realidade, tinha preparado um pequeno discurso, mas este não versava propriamente sobre o matrimónio.

Disse-lhe que tinha sido óptimo ter estado com ela durante os últimos seis meses, mas o problema era que tinha encontrado um excelente trabalho no Minesota, precisamente aquilo que procurava. E com certeza que ela não o quereria prender. Afinal de contas, ambos sabiam que aquilo era apenas uma relação passageira.

Depois, pegou-lhe na mão. Acrescentou que as relações à distância nunca funcionavam e que, por isso, o melhor para ambos era terminar naquele momento, de um corte radical. Dentro de poucas semanas, ela agradecer-lhe-ia por ter facilitado tanto as coisas.

Naquele momento, Maura viu a verdadeira natureza de Scott. Como é que podia ter estado tão cega?

Sentiu que os seus olhos se enchiam de lágrimas perante aquelas lembranças. Parecia impossível que ainda lhe restassem lágrimas depois de tudo o que tinha chorado nessa noite. Apoiou-se contra a parede e remexeu os bolsos à procura de um lenço de papel.

– Maura?

Alguém lhe tocou no ombro. E ela voltou-se para se encontrar com a enorme figura de Doug Connelly ao seu lado.

– Estás bem? – perguntou ele com amabilidade.

– Sim, claro, entrou-me qualquer coisa para o olho – murmurou ela.

– Deixa-me ver.

Antes de que pudesse protestar, Doug levantou-lhe o queixo com delicadeza e voltou-lhe a cara em direcção à luz.

Observou com um olhar inquisitivo a expressão preocupada de Maura e ela soube que Doug tinha percebido que lhe tinha mentido.

– Parece que já não tens nada – disse ele com calma.

Deixou cair a mão, mas continuou a fitá-la com aqueles olhos cálidos cor de âmbar que naquele momento reflectiam preocupação.

– Porque é que não saímos para apanhar ar? Parece que estás a precisar – disse então Doug, pegando-lhe pelo braço sem esperar resposta.

Antes de que Maura se apercebesse, tinham saído do edifício e caminhavam pelo passeio ladeado por árvores. Olhou de soslaio para a imensa figura de Doug de perfil. Caminhava com as mãos nos bolsos da sua bata branca, com o seu sempre presente estetoscópio a pender-lhe do pescoço.

Primeiro tinha conhecido Doug Connelly como colega, e depois tinham-se tornado amigos. Quando não estavam juntos, arranjavam sempre maneira de falar por telefone, o que era algo muito estranho para Maura. Tinha sido sempre muito tímida com os homens, principalmente com os homens bonitos.

– Senta-te um bocado – disse Doug, quando chegaram a um banco que estava vazio. – O que é que se passa, Maura? Sei que estavas a chorar. Era por causa de Scott?

– Não... de maneira nenhuma – respondeu ela, abanando a cabeça.

Maura compreendeu que aquilo seria o que todos pensariam. Que continuava a suspirar por um homem que a tinha tratado tão mal.

– Ele não te merece – disse Doug num tom firme e decidido.

Aquilo pareceu-lhe estranho. Doug e Scott tinham sido no passado bons amigos.

– Isso é muito amável da tua parte – respondeu Maura com tranquilidade.

– Não o disse por amabilidade. É a verdade – disse Doug, detendo-se por um momento antes de continuar, como se hesitasse. Já sei que agora te sentes pessimamente, mas dá tempo ao tempo. Quando menos esperares, já o terás esquecido.

Maura voltou a cabeça e olhou para Doug. Aquele olhar nos seus olhos, a sua expressão de amabilidade e consideração, foram demais. Irrompeu em soluços.

Maura sentiu o braço de Doug a rodear-lhe o ombro, puxando-a para si. Sentia o seu abraço cálido e forte à sua volta, o peito de Doug firme contra a sua face.

– Está tudo bem, está tudo bem – ouviu-o murmurar sobre o seu cabelo.

Não, não estava nada bem. Bem pelo contrário.

– Desculpa Doug. Não sei lidar com...

A sua voz quebrou-se novamente num mar de lágrimas. Sentiu a mão poderosa de Doug acariciando-lhe o cabelo, o calor do seu corpo, e aspirou o aroma da sua pele. Maura tinha os olhos fechados e permanecia com a face apoiada sobre aquela almofada que era o seu ombro. Sentia-se segura e protegida. Durante um instante, Maura permitiu-se viver a fantasia de que podia ficar assim para sempre. Tudo seria então muito mais fácil.

Mas era impossível. Ninguém a podia ajudar a sair daquele buraco. Doug podia oferecer-lhe um ombro para chorar, mas não tinha um cavalo branco no qual podia fugir a galope.

Maura respirou fundo e obrigou-se a si mesma a libertar-se do seu abraço.

– Desculpa. Não te queria entristecer ao falar de Scott – disse Doug.

– Não se trata disso – respondeu ela, enxugando os olhos e exalando um profundo suspiro.

Maura sabia que ele a fitava, a espera que ela falasse.

E finalmente falou.

– É só que tenho um pequeno problema – começou a dizer. – Estou grávida.

Não tinha a certeza de porque é que lhe tinha contado. Ditas em voz alta, aquelas palavras soavam tão graves, tão assustadoras...

Doug pareceu admirado durante uns instantes e ficou calado. A sua expressão, antes amigável e de consolo, tinha-se agora tornado mais dura. Não estava contente.

– O filho é de Scott – disse, afirmando mais do que perguntando.

Maura assentiu a custo com a cabeça, não sem antes reparar em como o cálido âmbar dos olhos de Doug se tinha transformado misteriosamente numa pedra fria e dura.

– Ele já sabe? – perguntou, passando a mão pelo cabelo.

– Contei-lhe há uns minutos no seu gabinete – admitiu Maura. – Por isso é que estava tão triste há bocado, quando me encontraste no corredor.

– Calculo que não tenha recebido bem a notícia – aventurou ele.

– De facto, não.

Aquela cena tão desagradável voltou a repetir-se na sua mente, e Maura compreendeu que não iria suportar voltar a falar do assunto.

– Obrigada pelo teu apoio – disse enquanto se punha de pé, – mas é melhor regressar ao trabalho. Já estou ausente há muito tempo.

– Compreendo – respondeu Doug, assentindo com a cabeça e levantando-se também. – Falamos mais tarde, quando fizer a minha ronda.

– Está bem. Desculpa todo este drama.

– Não digas isso, Maura – replicou ele, afirmativo.

Maura olhou-o nos olhos durante um momento e depois seguiu o seu caminho.

Atravessou o pátio e entrou no hospital. Para não perder tempo à espera do elevador, subiu a pé os três andares que conduziam ao departamento de pediatria. A sua supervisora, Gloria Jones, recebeu-a com um olhar intrigado, mas não lhe perguntou porque é que se tinha demorado tanto na sua pausa. Havia muito trabalho para fazer e Maura concentrou-se nas suas tarefas, feliz por se ocupar dos seus pacientes em vez de pensar nos seus problemas.

À medida que decorria a tarde, voltou a recordar o desagradável encontro que tinha tido com Scott e a sua conversa com o Dr. Connelly. Ainda bem que o acaso tinha determinado que ele ali estivesse, naquele preciso momento. Chorar no seu ombro não tinha resolvido o problema, mas tinha feito com que se sentisse melhor.

Havia gente no hospital que não gostava daquele pediatra tão atraente. Achavam-no frio e distante. Mas Maura nunca tinha tido essa impressão. Às vezes parecia absorto no seu trabalho, mas era difícil encontrar um médico mais dedicado.

Ela nunca tinha imaginado que fosse, para além disso, tão bom amigo. Desses amigos com os quais se pode contar quando se tem problemas. Era um homem de carácter, e Maura sabia que o seu segredo estava a salvo com ele.

Felizmente, o seu dia de trabalho decorreu pacificamente e sem nenhuma urgência, por isso pode ir para casa a horas.

Morava num bairro familiar, bastante perto do hospital. Tinha tido muita sorte em encontrar um apartamento remodelado de três assoalhadas por bom preço. Até tinha uma lareira na sala, comodidade que Maura bem apreciava durante os longos Invernos de Chicago.

A sua casa era o seu lar, um porto de abrigo onde se podia refugiar depois do stress do trabalho. Era um lugar íntimo, no qual podia descansar e recarregar energias, um sítio onde se podia esquecer dos seus problemas. E era exactamente assim que se sentia nessa noite quando meteu a chave à porta e entrou.

Deixou o correio sobre a mesa da entrada, sem sequer ver do que se tratava, e dirigiu-se directamente ao quarto. Tomou um bom e longo banho de chuveiro. Embora fosse ainda cedo, vestiu a camisa de noite e o robe e estendeu-se na cama com intenções de dormir. Mas as preocupações voltaram a assaltar a sua mente.

Por alguma razão, em vez de pensar em Scott, pensou em Doug, recordando a primeira vez que se viram há uns meses atrás. Ela tinha começado a trabalhar no hospital nessa altura e tinha o turno da noite. Tinham-lhe atribuído um dos pacientes de Doug, uma menina de quatro anos com uma pneumonia aguda e sérios problemas de coração. Por pura coincidência, Maura tinha descoberto durante a noite que a criança corria sério perigo: estava prestes a sofrer um enfarte.

Minutos mais tarde, quando Doug chegou, encontrou-a a fazer uma massagem cardíaca à menina enquanto esperava que lhe trouxessem o equipamento necessário. Assim que Doug se ocupou da situação, mal lhe dirigiu a palavra, mas o seu olhar de gratidão dizia tudo.

Nessa noite, Maura não reparou logo em como era atraente, nem na sua encantadora timidez. Trabalharam juntos em perfeita sintonia, para tentar solucionar o problema, e aquele sucesso forjou um laço misterioso e profundo entre eles. Maura nunca tinha sentido nada semelhante com ninguém, nem com um colega de trabalho, nem com um namorado.

Trabalharam juntos durante horas para salvar a vida à pequena. Maura ficou no hospital mesmo depois de ter terminado o seu turno, incapaz de se ir embora enquanto não soubesse se a criança ia sobreviver. Muita gente considerava pouco inteligente envolver-se tanto com a recuperação de um paciente, mas Maura tinha uma natureza diferente. Não se tinha tornado enfermeira pediátrica para guardar distância das crianças que precisavam da sua ajuda. E soube desde o início que Doug era igual, talvez até se envolvesse com os seus pequenos pacientes ainda mais do que ela.

Soube mais tarde que a família da pequena não tinha seguro, e que Doug não lhes tinha enviado nenhuma factura. Não era frequente que um profissional do seu calibre trabalhasse sem ser pago, mas Maura descobriu depois que o fazia em muitas ocasiões.

Quando finalmente amanheceu e a crise tinha sido ultrapassada, Doug e ela sentaram-se no mesmo banco onde tinham falado nessa manhã. Festejaram a sua vitória a rir e a contar piadas, com dois copos de café e alguns bolos. Estavam em finais de Janeiro e estava muito frio, mas Maura ainda se lembrava da sensação de calidez que sentiu ao partilharem as primeiras luzes da manhã e a sua vitória conjunta na missão de salvar a vida de uma criança.

Foi então que Doug soube que ela estava envolvida com Scott Walker, e ela descobriu que eles eram antigos colegas de universidade. Houve qualquer coisa na reacção de Doug que a levou a pensar que ele tinha ficado desapontado por saber que ela estava envolvida com alguém. Mas foi uma sensação momentânea, e mais tarde Maura achou que tinha imaginado aquela diminuição de interesse.

Pelo seu lado, ela não podia negar que considerava Doug muito atraente. Mas, ao mesmo tempo, sentia-se tão comprometida com Scott que nem uma só vez lhe ocorreu pensar em Doug sentimentalmente.

E, para além disso, ainda que não estivesse comprometida, Doug não era nada o seu tipo de homem. Maura procurava um homem que tivesse tempo para uma esposa e uma família. Doug estava demasiado concentrado no seu trabalho para fazer da vida familiar, ou mesmo de uma relação sentimental, uma prioridade.

E às vezes era muito temperamental. Tinha que reconhecer que eram raros os seus sorrisos e os seus momentos alegres. A maior parte do tempo parecia viver sob a sombra de uma infelicidade oculta e misteriosa, e Maura tinha visto nos seus olhos, quando pensava que ninguém o observava, um olhar de uma tristeza infinita.

Qual seria a causa daquele estado de alma? Seriam as pressões do trabalho? Maura tinha sempre desconfiado que havia mais qualquer coisa. Algo doloroso do seu passado, alguma perda irreparável. Doug nunca tinha falado com ela do passado, mas sabia por Scott que tinha vivido um divórcio tormentoso há uns anos atrás.

Os meses passaram, e ela e Doug pareciam ter sempre muito de que falar cada vez que se encontravam nas rondas ou na cafetaria. Ele pedia-lhe conselhos sobre alguns casos e Maura gostava de o ajudar a chegar a alguns diagnósticos ou discutir sobre algum caso atípico.

Era pouco comum que um médico do seu gabarito procurasse a opinião de uma enfermeira, e Maura sentia-se secretamente lisonjeada e inclusivamente orgulhosa pela maneira como ele valorizava as suas observações. Mas não falavam só de trabalho. Conversavam também sobre livros, filmes e viagens a destinos exóticos que um e outro planeavam visitar no futuro, quando não estivessem tão atolados de trabalho.

Mas Maura tinha que reconhecer que, apesar das suas conversas interessantes, sabia muito pouco sobre Doug. O pessoal do Hospital de Chicago estava sempre com boatos e, embora ela tentasse não falar da vida dos outros, sabia uma ou outra coisa sobre Doug. Trabalhava no hospital desde que começou o estágio e já tinha sido casado. Tinha-se divorciado há quase dois anos, mas ninguém parecia saber porquê. A sua ex-mulher era agora casada com um afamado cirurgião plástico e dizia-se que tinha causado muita mágoa a Doug ao ter uma aventura.

Embora não tivesse intenções românticas para com ele, Maura interrogava-se porque é que ele não tinha uma nova relação amorosa, ou mesmo porque é que não se tinha voltado a casar. Mas os seus colegas de trabalho também lhe tinham respondido àquela pergunta. Muitas mulheres se tinham já interessado pelo atraente médico, mas a relação tinha acabado sempre mal. Apesar da sua dedicação como médico, dizia-se que Douglas Connelly era um companheiro sentimental distante e difícil, um monte Evereste emocional cheio de arestas geladas que era preciso escalar.

Maura desconfiava que o problema era a sua concentração no trabalho, pelo menos para ela seria. Havia pessoas que não precisavam de uma vida familiar estável. Talvez Doug fosse uma delas. Mas um lar e uma família era algo que Maura sempre tinha desejado, porque tinha conhecido muito pouca estabilidade quando era criança.

Quando conheceu Scott, no mês de Novembro, pensou que tinha finalmente encontrado um homem que partilhava os seus valores e ambicionava o mesmo tipo de vida que ela.

Os pensamentos sucediam-se na sua mente enquanto se esforçava por adormecer. Tinha sido devastador descobrir que Scott apenas fingia ser esse tipo de homem, dizendo-lhe o que ela esperava ouvir para conseguir o que queria.

E quando ela se apercebeu disso, já era demasiado tarde.

Capítulo Dois

 

Maura acordou com o som de umas pancadas secas na porta de sua casa. O seu quarto estava às escuras e o despertador da mesinha de cabeceira indicava que eram quase oito horas. Levantou-se na cama e afastou o cabelo da cara com as mãos enquanto se dirigia ao hall de entrada.

Pensou em quem poderia ser. Talvez a sua amiga Lisa, que vivia no andar abaixo do seu. Liza subia às vezes à noite para conversarem um pouco, normalmente sobre os seus problemas com os homens.

Mas Maura não estava com vontade de a ver. Avançou para a porta e atou o cinto do robe, tentando lembrar-se de uma boa desculpa para lhe dar.

– Um segundo – disse Maura enquanto corria o trinco de segurança ao ouvir uma segunda batida na porta.

Abriu um pouco a porta e sentiu um aperto no coração ao contemplar a figura alta e imponente de Doug.

– O que é que estás aqui a fazer?

Normalmente não era tão brusca, mas Doug era a última pessoa que esperava ver. Tinha estado apenas uma vez em sua casa, numa ocasião em que o carro de Maura não pegava e ele deu-lhe uma boleia do hospital.

– Ia a caminho de casa e decidi parar aqui. Passei pela sala de enfermagem depois de fazer a ronda e disseram-me que já te tinhas ido embora – explicou. – Espero que te estejas a sentir bem.

Doug dirigiu-lhe um sorriso, mas o seu olhar continuava sério, hesitante, como se não tivesse a certeza de ter tido a atitude correcta ao surpreendê-la daquela maneira.

– A outra enfermeira chegou cedo, por isso pude ir-me embora antes de acabar o turno – disse Maura. – Estive a descansar um bocado.

– Já jantaste? Podemos tomar qualquer coisa no café da esquina, se quiseres.

– Obrigada, mas acho que não me apetece sair. Agradeço-te por teres vindo, mas...

– Não precisas de me agradecer. Queria ver como estavas. Parecias muito triste hoje e acho que não é boa ideia ficares sozinha.

– Estou bem, a sério – insistiu ela.

Mas não era verdade e ambos o sabiam.

– Maura – disse Doug, avançando com determinação para a porta entreaberta. – Por favor, deixa-me entrar. Fico só um minuto.

Ela exalou um profundo suspiro. Depois, sem dizer mais nada, recuou um passo e deixou-o entrar. Era provável que Doug tivesse razão. Não era bom para ela ficar sozinha naquele momento. Talvez se sentisse melhor se falassem por um momento. Ele conhecia Scott e parecia compreender muito bem o problema. Talvez a ajudasse a encontrar alguma solução.

Maura fechou a porta e ficaram a olhar um para o outro. Havia um candeeiro sobre a mesa que iluminava o hall de entrada com uma luz ténue e dourada. As sombras enfatizavam as feições de Doug, destacando a sua boca firme e os seus olhos de âmbar.

Maura apercebeu-se então que estava de robe, mas já não podia fazer nada. Sabia que tinha um aspecto horrível, com o cabelo caído em ondas selvagens sobre os ombros e os olhos recortados por profundas olheiras.

– Já sei que estás cansada. Não pretendo ficar muito tempo – prometeu Doug.

– Não faz mal. Fico contente por teres vindo – respondeu ela, olhando-o nos olhos por um instante, antes de desviar o olhar. – Vamos para a sala.

Maura entrou à sua frente e sentou-se no sofá. Doug manteve-se a certa distância, sem deixar de franzir o sobrolho. Ela não conseguia evitar interrogar-se sobre que pensamentos seriam responsáveis por aquela expressão carregada. Estaria a pensar mal dela, considerando que tinha sido uma irresponsável na sua relação com Scott? A ironia da questão era que tinha sido precisamente a sua ingenuidade e a sua falta de experiência com os homens o que a tinha metido naquele sarilho. Mas Doug não sabia de nada, e seria absurdo tentar explicar-lhe. Ele pensaria que ela se estava a tentar justificar.

Doug voltou-se e sentou-se num banquinho em frente dela.

– Não me contaste o que te disse Scott relativamente ao bebé, só me disseste que tinha reagido mal.

Maura suspirou e cruzou as mãos sobre o regaço.

– Nós não tínhamos acabado lá muito bem. Eu não tinha voltado a falar com ele desde que ele deu o nosso relacionamento por terminado e me comunicou que se ia mudar para o Minesota. Quando fui falar com ele hoje, para lhe contar acerca do bebé, ofereceu-se para me pagar o aborto. Só isso.

– Esse desgraçado... – murmurou Doug, com os olhos brilhantes de raiva. – E já está? Não te disse que te daria apoio durante a gravidez, nem que se encarregaria do sustento do seu filho?

Maura preferia evitar os detalhes desagradáveis daquela conversa, mas agora tinha decidido contar a Doug toda a verdade.

– Não, bem pelo contrário. Disse-me que se decidisse ter a criança teria que assumir sozinha essa responsabilidade, e que teria que o levar a tribunal para conseguir que me ajudasse no seu sustento. Também me disse que esperava que eu não fizesse uma grande cena de tudo isto, pois não seria bom para a minha carreira, nem para a sua, e que confiava que eu fosse suficientemente inteligente para ter a atitude mais acertada.

– Disse isso? – perguntou Doug, pondo-se de pé e cerrando os punhos, como se quisesse bater em alguém. – Esse maldito egoísta, filho da...

Maura nunca o tinha visto tão enfurecido e assustou-se. Seria aquilo o resultado de alguma antiga rivalidade entre ele e Scott, ou simplesmente se sentia solidário com ela?

– Doug, por favor, a sério que não me importo que Scott se desligue – admitiu ela. – Houve uma altura em que pensei que estava apaixonada por ele, mas agora vejo que vivia num mundo de fantasia. Acho que não o conhecia verdadeiramente.

Doug voltou-se para a fitar e Maura pensou que as suas palavras tinham servido para diminuir a sua fúria.

– Ao princípio fiquei paralisada com a sua reacção – continuou Maura, – mas talvez seja bom que não queira saber nada da criança nem de mim. Com um pouco de sorte não terei que voltar a vê-lo na minha vida.

Doug começou a caminhar pela sala.

– Sim, calculo que tenhas razão. Decididamente, ficarás muito melhor sem Scott – admitiu, mais tranquilo. – E confrontá-lo não iria servir para nada, embora sem dúvida me fizesse sentir muito melhor... desculpa, Maura, não estou a ser uma grande ajuda. Já pensaste no que vais fazer?

Doug formulou a pergunta com calma, quase como que por acaso. Mas Maura sentiu que esperava a sua resposta com impaciência. Não com o mesmo interesse de um simples amigo, mas como se a questão, de alguma maneira, o afectasse também a ele directamente.

– Quero ter o bebé – respondeu ela, decidida. – Tenho que tê-lo.

– Sabia que dirias isso – respondeu Doug, suavizando a expressão do seu rosto. – Mas criar um filho sozinha é muito duro. Mais duro do que imaginas. Sei o que digo: a minha mãe foi mãe solteira. Nem sequer tinha familiares que a ajudassem. Teve que fazer tudo sozinha e, ainda por cima, com gémeos. Antes de me tornar um adulto não me apercebia realmente de tudo aquilo que ela teve que enfrentar. Às vezes penso que nunca chegarei a compreender o seu sacrifício em toda a sua magnitude.

Maura não sabia que Doug era filho de mãe solteira. Não devia ter sido fácil para ele. O facto de se ter licenciado em medicina e, ainda por cima, entre os melhores do seu ano, parecia-lhe agora ainda mais impressionante. Doug tinha razão. Não seria um caminho fácil nem para ela, nem para a criança.

– Sei a que é que te referes. Já pensei nos problemas que terei que enfrentar, mas não tenho outra opção. Não posso dar a criança para adopção – disse Maura, obrigando-se a si mesma a revelar aquela parte oculta da sua história. – Eu sei o que uma pessoa sente ao estar numa família... e não fazer verdadeiramente parte dela. É um sentimento horrível de solidão, como se estivesses sempre a ver as coisas desde fora – acrescentou enquanto recordava aqueles tempos infelizes. – Prefiro criar o meu filho sozinha e dar-lhe todo o amor que uma mãe pode dar, do que ficar sentada o resto da vida a pensar se o meu bebé estará feliz e se estarão a tratá-lo bem.

– Foste adoptada? – perguntou Doug.

– Fui uma criança de casa de acolhimento desde os doze anos – respondeu ela, assentindo com a cabeça. – Os meus pais morreram num acidente de automóvel e eu e a minha irmã não tínhamos mais família que tomasse conta de nós. Puseram-nos com várias famílias de acolhimento. Algumas foram óptimas comigo, queriam ajudar e tentaram fazer-me sentir parte da família, mas acabavam por surgir sempre problemas. Nunca fiquei muito tempo no mesmo sítio. Depois consegui uma bolsa de estudo para ir para a universidade e comecei a viver sozinha.

– Que triste perder os pais numa idade tão nova – disse Doug, com solenidade. – Eu, pelo menos, tinha a minha mãe e o meu irmão. Nunca me tinhas falado da tua família antes. Não fazia ideia.

– Bem, tu também não me tinhas falado da tua – respondeu Maura. – Acho que nunca tínhamos falado de coisas tão pessoais.

– De facto, não. Talvez já fosse altura de o fazermos.

Doug fitou-a por um instante, antes de se sentar no outro extremo do sofá. Cruzou as pernas e passou o braço sobre o encosto. Apesar de ser um homem muito alto, Maura viu que se movimentava com uma delicadeza masculina que prendia a atenção. Pelo menos, a sua.

– Tendo em conta tudo aquilo por que passaste, Maura, podias ter sido uma pessoa diferente.

– A que é que te referes?

– Não sei como explicar. Por exemplo, podias não ser tão optimista. E, para além disso, és uma pessoa carinhosa e muito generosa.

Aquelas palavras amáveis levantaram-lhe a moral e, mais do que isso, fizeram-na lembrar-se de quem era e do que era capaz de fazer.

– Imagino que tive um bom começo. Tive uns pais que se amavam e que amavam os seus filhos – começou Maura a dizer, tentando ordenar os seus pensamentos. – Às vezes, quando me lembro da minha família, penso que talvez seja injusto para o meu filho criá-lo sozinha. Sei que há boa gente disposta a dar muito amor e carinho a uma criança adoptada. E às vezes fico assustada ao pensar no empreendimento que terei que enfrentar sozinha.

Maura sentiu que se lhe formava um nó de emoção na garganta que lhe tornava difícil continuar a falar. Não queria começar a chorar outra vez, mas sentia os olhos cheios de lágrimas.

– Não sei... sinto-me tão confusa, tão ultrapassada pelos acontecimentos – admitiu com voz trémula.

Doug pousou-lhe a mão sobre o ombro. Parecia que ia dizer alguma coisa, mas deteve-se. Maura apercebeu-se de que lhe estava a dar tempo para se acalmar.

Ainda lhe custava a acreditar que estava grávida.

Como é que pensava explicar aquilo a Doug se ela própria ainda não compreendia como é que tinha acontecido? Sempre tinha pensado que a intimidade física entre um homem e uma mulher era um passo muito importante, parte de uma relação que incluía amor e compromisso. Por outro lado, ela tinha muito pouca experiência nesse assunto e tinha tido sempre muito cuidado.

Mas Scott tinha conseguido afastar dela as dúvidas e Maura tinha acreditado que ele a amava. Tinha-se sentido privilegiada por um homem tão atraente e bem sucedido como Scott a desejar. Não conseguia compreender o que é que ele tinha visto em alguém tão insignificante como ela. Não conseguia evitá-lo, era exactamente assim que se via a si mesma. Sabia que não era atraente e sensual como algumas mulheres do hospital. Era quase o contrário, uma rapariga à que as pessoas se referiam como «desenxabida». Algumas amigas, como Liza, insistiam em que tinha tudo o que era preciso para fazer com que as cabeças se girassem à sua passagem, só tinha que aprender a tirar partido do que tinha. Mas Maura tinha sempre pensado que estavam só a tentar ser simpáticas. Nunca tinha acreditado no que diziam.

Talvez se sentisse mais segura a esconder os seus encantos. Quando era adolescente, tinha tido algumas más experiências ao atrair a atenção masculina não desejada, quer por parte dos rapazes da sua idade, quer por parte dos adultos das suas famílias de acolhimento. Tinha aprendido a destacar o menos possível o seu aspecto físico. Dentro do seu coração, albergava a esperança de que o homem da sua vida se sentisse atraído pelo que havia no seu interior, e não por um invólucro bonito.

Aquela era uma das razões pelas quais tinha pensado que Scott poderia ser o homem da sua vida. Insignificante ou não, ele tinha andado atrás dela para tentar conquistá-la e ela sentiu-se lisonjeada pelas suas atenções.

Sabia que tinha defeitos, mas não os tinha toda a gente? Maura não esperava que o homem com quem se casasse fosse perfeito. Para além disso, tinha tão pouca experiência sentimental quando chegou o momento do romance, que não sabia o que esperar.

Maura sacudiu a cabeça para se livrar daqueles pensamentos e ergueu a vista para olhar para Doug. Os seus olhares cruzaram-se. Os seus olhos dourados estavam cheios de preocupação por ela, pelo seu futuro e pelo seu bebé.

Inconscientemente, Maura levou uma mão ao ventre, que ainda estava completamente liso. E imaginou a vida que crescia ali dentro, minuto a minuto.

– Tenho estado a pensar em ir-me embora de Chicago. É duro criar uma criança aqui.

– Sair de Chicago? – perguntou Doug, endurecendo a expressão. – E para onde é que irias?

– Talvez para Portland, para estar perto da minha irmã Ellen. Ou talvez para Santa Fé, onde vive uma boa amiga minha dos tempos de colégio.

– Não acho que seja uma boa ideia, Maura – disse Doug, bruscamente.

Levantou-se do sofá e começou a percorrer a sala outra vez. Parecia tão desapontado como quando a tinha ouvido contar a conversa entre Scott e ela.

– Vai ser muito difícil e stressante começar com um novo trabalho e instalares-te noutra cidade – realçou. – Imagina que surgem complicações durante a gravidez... vais estar sozinha, sem ninguém que te ajude.

Maura queria dizer-lhe que era ali, em Chicago, que estava sozinha. Mas não queria que Doug pensasse que tinha pena de si própria. Não queria.

– Acho que ainda estou muito confusa. O que é que achas que eu devia fazer? – perguntou, fitando-o com os olhos muito abertos.

Doug ficou a olhá-la durante um longo momento, permitindo que se passasse bastante tempo até que se decidiu a falar.

– Acho que há muitas coisas para dizer. Mas já tomaste a decisão mais importante: ficar com o bebé – disse, sentando-se no sofá, muito perto dela, mas sem chegar a tocá-la. – Acho que esta noite não devias pensar em mais nada.

Tinha razão. Estava exausta e tinha dificuldade em pensar com clareza.

– Acho que tens razão. Não posso decidir todo o meu futuro em cinco minutos – disse, suspirando. – Mas obrigada por me ouvires. Ajudaste-me muito.

– Quero ajudar-te em tudo o que possa, Maura. Falo a sério – prometeu ele.

A emoção na voz de Doug apanhou-a de surpresa e, antes de que ela pudesse responder, ele deslizou-se no sofá, encurtando a escassa distância que os separava, rodeou-lhe os ombros com os braços e abraçou-a.

A proximidade de Doug foi como um bálsamo para a sua alma. Estiveram uns minutos em silêncio, e Maura deu-se ao luxo de se descontrair e de se perder na força e no consolo que ele lhe oferecia.

– O que é que te fez vir até aqui esta noite? – perguntou ela, momentos depois.

– Já te disse. Estava preocupado contigo e pensei que ias gostar da companhia.

Com toda a sinceridade, Maura tinha que reconhecer que nunca tinha reparado que Doug pensasse tanto nela como aparentemente fazia. Embora não se tratasse de um envolvimento sentimental, a sua relação parecia importar-lhe.

Então, Doug voltou a olhar para ela e ela compreendeu instintivamente que havia algo mais. Algo que lhe custava dizer.

– Olha, sei que vai parecer uma loucura, mas acho que o teu problema é, em parte, culpa minha – disse ele enquanto enchia o peito de ar. – Conheço Scott há muito tempo e sei como trata as mulheres. Não fiquei nada admirado quando soube da maneira como ele terminou a vossa relação. Há alguns meses, quando te conheci e soube que estavas envolvida com Scott, pensei em dizer-te qualquer coisa, avisar-te de alguma maneira. Mas não quis interferir. Compreendi que gostavas mesmo dele, e parecia que ele sentia o mesmo por ti. Pareciam muito felizes juntos.

Doug pronunciou a última frase como se lhe custasse admiti-lo. Maura apercebeu-se disso imediatamente, mas não compreendia porquê.

– Felizes? Acho que sim, ao princípio – reconheceu ela. – Até que descobri quem ele realmente era.

– Eu achava que ias descobrir como ele realmente era e que poderias sair daquela relação sem grandes consequências. Mas, evidentemente, não foi assim que as coisas se passaram – disse Doug. – Incomoda-te que fale mal dele?

– De maneira nenhuma – respondeu ela, negando com a cabeça. – Até me reconforta ouvi-lo. Quando Scott acabou comigo, pensei que a culpa era minha. Como se houvesse alguma razão que o impedisse de me amar e ficar comigo. Agora sei que o problema não está em mim.

– Claro que não, Maura. Scott teria tido mais sorte do que merece se se tivesse comprometido contigo – garantiu Doug. – Ainda assim, sinto-me responsável pela maneira como as coisas acabaram. Se te tivesse falado de Scott e do seu passado, talvez isto não tivesse acontecido.

Maura estava assombrada com a sua dedução.

– Não sejas ridículo. Eu nunca teria chegado a essa conclusão, nem que se passassem mil anos – garantiu, olhando-o fixamente. – Ainda que me tivesses avisado, não te teria dado ouvidos. Eu sou a única responsável por me ter envolvido com Scott e de tudo o que aconteceu depois.

Maura levantou-se bruscamente e a sua cabeça começou a girar. Imediatamente, Doug pôs-se ao seu lado, amparando-a pela cintura.

– Estás com tonturas, Maura?

– Um pouco. Não comi lá muito bem hoje.