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Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2012 Jennie Lucas. Todos os direitos reservados.

AMAR-SE, RESPEITAR-SE E... TRAIR-SE, N.º 1449 - Março 2013

Título original: To Love, Honour and Betray

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2013

 

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.

Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.

™ ®, Harlequin, logotipo Harlequin e Sabrina são marcas registadas por Harlequin Books S.A.

® e ™ São marcas registadas pela Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas que têm ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-2573-4

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Capítulo 1

 

Callie Woodville sonhara durante toda a vida com o dia do seu casamento. Com apenas sete anos, mascarava-se com um lençol branco sobre a cabeça, para representar a cerimónia no celeiro do pai. Acompanhava-a a irmã Sami, que era apenas um bebé.

Era um sonho que abandonara durante a adolescência. Fora uma jovem com óculos grandes, gordinha e amante dos livros. Os rapazes nunca reparavam nela. Fora ao baile de fim de curso com o seu melhor amigo, muito parecido com ela, que vivia numa quinta próxima, mas Callie nunca deixara de pensar que um dia conheceria o homem da sua vida. Pensava que essa pessoa existia e que, um dia, a tiraria da sua letargia com um beijo doce.

E, tal como previra, o homem dos seus sonhos acabou por aparecer na sua vida aos vinte e quatro anos.

O seu patrão, um multimilionário poderoso e desumano, beijara-a e seduzira-a. Com ele, perdera a virgindade e também o coração. Nessa noite, Callie deixara-se levar pela paixão e pela magia. Quando acordara no dia seguinte, dia de Natal, e vira que continuava entre os braços dele e que estava na casa luxuosa de Nova Iorque, sentira-se muito feliz. Parecera-lhe que o mundo era um lugar mágico, onde os sonhos acabavam por se tornar realidade.

Fora uma noite mágica, mas também muito dolorosa.

Tinham passado oito meses e meio desde então e estava à espera, à porta da sua casa, numa rua tranquila de West Village, em Nova Iorque. O céu estava escuro, como se fosse chover. Tivera pena de continuar no seu apartamento vazio e decidira esperar com as suas malas na rua.

Era o dia do seu casamento. O dia com que sempre sonhara, mas a realidade não se parecia em nada com os seus sonhos.

Tinha um vestido de noiva em segunda mão e um ramo de flores que apanhara num parque ali perto. Em vez de véu, tinha o cabelo castanho preso com dois simples ganchos.

Estava prestes a casar com o seu melhor amigo, um homem que nunca beijara e não desejava beijar. Um homem que não era o pai do seu bebé.

Assim que Brandon voltasse com o carro de aluguer, iriam à Conservatória para casar. Depois, fariam a longa viagem de Nova Iorque até à quinta dos seus pais, no Dacota do Norte.

Fechou os olhos por um instante, pois sabia que era o melhor para o bebé. Iria precisar de um pai e o ex-patrão era um homem egoísta, insensível e mulherengo. Depois de trabalhar como sua secretária durante três anos, conhecia-o muito bem. Mas, mesmo assim, fora suficientemente tonta para cair nas «suas redes».

Viu chegar um carro luxuoso e escuro. Não pôde evitar e susteve a respiração até passar à frente dela e desaparecer novamente. Tremeu, porque não queria pensar no que aconteceria se o seu antigo patrão descobrisse que tinham gerado um bebé durante a sua única noite de paixão.

– Nunca saberá – sussurrou ela.

Tentou tranquilizar-se. Ouvira dizer que Eduardo estava na Colômbia, a inspecionar os trabalhos da Petróleos Cruz em várias jazidas marinhas. Além disso, estava certa de que já se esquecera dela. Durante o tempo que trabalhara para ele, vira-o com muitas mulheres. Ela pensara que podia ser diferente, mas enganara-se.

– Fora da minha cama, Callie! – ordenara Eduardo, na manhã seguinte. – Fora da minha casa!

Oito meses e meio depois, aquelas palavras ainda a magoavam. Suspirou e acariciou a barriga. Eduardo não sabia nada da vida que gerara. Ele decidira afastá-la da sua vida e não tencionava dar-lhe a oportunidade de lutar pela custódia do bebé. Supunha que seria um pai dominador e tirano. Já o conhecia como patrão.

O seu bebé ia nascer num lar estável, com uma família carinhosa. Brandon, que era o seu melhor amigo desde os seis anos de idade, ia ser o pai do seu bebé, mesmo que não fosse dele.

No princípio, pensara que um casamento baseado na amizade não iria funcionar, mas Brandon assegurara-lhe que não precisavam de mais nada.

– Seremos felizes, Callie – prometera Brandon. – Muito felizes.

E, durante a gravidez, fora o melhor companheiro possível. Baixou o olhar e reparou na sua mala Louis Vuitton. Brandon queria que a vendesse, argumentando que seria ridículo ter algo parecido numa quinta. E ela estava de acordo.

Eduardo dera-lha no Natal. Ficara muito emocionada com esse gesto. Surpreendera-se que percebesse que ela a admirava sempre que a via nas montras. Quando lho dissera, Eduardo assegurara-lhe que gostava de recompensar as pessoas que lhe mostravam lealdade.

Fechou os olhos e ergueu o rosto para o céu. Caíram as primeiras gotas de chuva. Aquele troféu ridículo, uma mala de três mil dólares, fazia-a pensar em como trabalhara arduamente para aquela empresa.

Mas sabia que Brandon tinha razão, devia vendê-la. Assim, não restaria nenhuma lembrança de Eduardo, nem de Nova Iorque. Aquele bebé era a única coisa que a ia lembrar desses anos.

Tremeu ao ouvir um trovão. Também lhe chegavam os sons do trânsito e a sirene distante de um carro da polícia na Sétima Avenida.

Ouviu um veículo a aproximar-se. Supôs que seria Brandon com o carro de aluguer. Tinha chegado o momento de casar com ele e iniciar a viagem de dois dias até ao Dacota do Norte. Forçou um sorriso e abriu os olhos.

Mas era Eduardo Cruz, que acabava de sair do seu Mercedes preto. Ficou com falta de ar.

– Eduardo... – sussurrou ela.

Apoiou-se no degrau para se levantar, mas parou. Tinha esperança de que não percebesse que estava grávida.

– O que estás a fazer aqui? – perguntou, gaguejando.

Eduardo aproximou-se com firmeza e elegância. A sua presença impunha respeito e até temor. Quase conseguia sentir como o chão tremia sob os seus pés.

– Eu é que devia fazer essa pergunta, Callie.

A sua voz era profunda e notava-se um ligeiro sotaque das suas origens espanholas. Era incrível voltar a ouvi-lo. Pensara que não ia voltar a vê-lo, embora tivesse sonhado com ele em mais de uma ocasião.

– O que achas que estou a fazer? – perguntou ela, enquanto apontava para as malas. – Vou-me embora.

Odiava que aquele homem continuasse a ter tanto efeito nela.

– Ganhaste.

– Ganhei? – repetiu Eduardo, enquanto se aproximava mais. – Estás a acusar-me de alguma coisa?

Olhava para ela com intensidade. Havia gelo nos seus olhos e ela não pôde evitar tremer.

– Não te lembras que me despediste e te asseguraste de que mais ninguém me contratava em Nova Iorque? – recordou-lhe.

– E? – replicou Eduardo, com frieza. – McLinn pode cuidar de ti. Afinal de contas, é o teu noivo.

– Conheces Brandon? – sussurrou, assustada.

Pensou que, se sabia do seu casamento, havia a possibilidade de saber da gravidez.

– Quem te disse?

– Ele próprio – respondeu Eduardo, exibindo um sorriso cínico. – Contou-me quando o conheci.

– Conheceste-o? Quando? Onde?

– Isso importa?

Mordeu o lábio ao ouvir a dureza daquelas palavras.

– Mas foi um encontro casual ou...

– Suponho que foi um golpe de sorte – interrompeu Eduardo. – Passei por tua casa e surpreendi-me ao ver que vivias com o teu amante.

– Ele não é...! – protestou ela, sem pensar.

– Não é o quê?

– Nada, não importa – murmurou.

– McLinn gosta de viver aqui? – perguntou ele, num tom frio. – Sabe que é o apartamento que aluguei para uma secretária que respeitava?

Ela engoliu em seco. Vivera num pequeno estúdio em Staten Island, para poder poupar e enviar dinheiro à sua família, mas Eduardo, quando soubera, arrendara um apartamento fantástico para ela, no centro da cidade. Relembrou a alegria que sentira ao sabê-lo. Sentira que era realmente importante, mas depois chegara à conclusão de que o fizera para que estivesse mais perto do trabalho e pudesse passar mais horas na empresa.

Passara toda a semana a guardar as suas coisas em caixas. Telefonara para uma companhia aérea, mas tinham-lhe dito que não podia andar de avião, estando em tão avançado estado de gestação.

– Vieste quando eu estava aqui? – perguntou, confusa.

– Sim, estavas na cama – replicou Eduardo, com dureza.

Sentiu um nó na garganta.

– Ah! – exclamou.

Entendeu o que acontecera. Ela dormira no seu quarto e Brandon estivera no sofá.

– Não me disseste nada. O que querias? Porque vieste ver-me?

Eduardo não deixava de olhar para ela com os olhos pretos e brilhantes. Olhava para ela, como se não a conhecesse.

– Porque não me contaste que tinhas um amante? Porque me mentiste?

– Nunca o fiz!

– Escondeste-me a sua existência. Deixaste que vivesse contigo no apartamento que arrendei para ti e nunca o mencionaste. Fizeste-me acreditar que eras uma pessoa leal.

– Tinha medo de te dizer – confessou. – Tens uma ideia tão radical da lealdade...

– Portanto, decidiste mentir.

– Não, nunca lhe pedi para vir viver comigo. Visitou-me, de surpresa.

Brandon ainda vivia no Dacota do Norte, quando telefonara para lhe dizer que o seu patrão lhe arrendara um apartamento. No dia seguinte, recebera a visita dele, de surpresa. Segundo lhe dissera então, preocupava-se com a vida que Callie tinha na grande cidade.

– Sentia a minha falta e só ia ficar até conseguir alugar o seu próprio apartamento, mas não conseguiu encontrar trabalho e...

– Um homem a sério teria encontrado trabalho para poder sustentar a mulher, em vez de viver do seu subsídio de desemprego.

– Enganas-te! – exclamou, ofendida. – As coisas não são assim!

Durante a sua gravidez, Brandon cozinhara e limpara. Esfregava-lhe os pés quando inchavam e acompanhava-a ao médico. Comportara-se como se o bebé fosse dele.

– Talvez não saibas, mas em Nova Iorque escasseia o trabalho para agricultores!

– Então, porque veio para esta cidade? E porque ficou?

Começou a chover. As gotas caíam na calçada quente e desapareciam.

– Porque eu queria ficar. Tinha a esperança de encontrar outro trabalho – disse ela.

– Mas agora mudaste de opinião e queres ser a esposa de um agricultor.

– O que queres de mim, Eduardo? Vieste para te rires de mim?

– Claro! Desculpa! Tinha-me esquecido de te dizer – replicou, fingindo inocência. – A tua irmã telefonou-me hoje de manhã.

– Sami ligou-te? – perguntou, num tom trémulo. – E o que te disse?

Esperava que a irmã não tivesse tido a ousadia de a trair.

– Duas coisas muito interessantes – replicou, enquanto se aproximava ainda mais dela. – Está claro que não me mentiu na primeira. Casas hoje.

– E? – replicou, sem conseguir parar de tremer.

– Então, admites?

– Tenho um vestido de noiva, não posso negar, mas porque te interessas? Estás incomodado por não te ter convidado?

– Pareces estar nervosa. Estás a esconder-me alguma coisa, Callie? Um segredo? Uma mentira?

Sentiu uma contração que a deixou tensa. Supôs que não eram as do parto, mas contrações Braxton-Hicks. Acontecera o mesmo há alguns dias e fora para o hospital, mas as enfermeiras tinham-na enviado de volta a casa.

Embora a contração que estava a sentir naquele momento fosse mais dolorosa. Levou uma mão à barriga e outra às costas.

– Não estou a esconder nada – declarou, depois de recuperar um pouco.

– Sei que és uma mentirosa. O que ainda não sei é até onde estás disposta a ir.

– Por favor – sussurrou ela. – Não deites tudo a perder.

– O que poderia estragar?

– O meu... O dia do meu casamento.

– Claro, o teu casamento. Sei que costumavas sonhar com ele – relembrou Eduardo. – Foi assim que o imaginaste?

O vestido era largo, o corpete estava adornado com uma renda barata e o tecido era uma mistura de poliéster. Olhou para as flores murchas e para as duas malas velhas que tinha atrás dela.

– Sim – mentiu, em voz baixa.

– Onde está a tua família? Onde estão os teus amigos? – quis saber Eduardo.

– Vamos casar na Conservatória – explicou ela, erguendo o queixo, desafiante. – Foi algo espontâneo. Assim, é muito mais romântico.

– Claro, não te importas com o casamento e a única coisa que McLinn terá em mente será a lua de mel – comentou ele, com incredulidade.

Mas não ia haver lua de mel. Para ela, Brandon era como um irmão, mas não podia admitir à frente de Eduardo que só amara um homem.

– A minha lua de mel não é da tua incumbência – replicou.

– Bom, suponho que isto te parecerá romântico. Vais casar com o teu amado e não te importas de usar um vestido tão feio, nem de teres flores murchas no ramo. Queres casar com ele, mesmo que não seja um homem a sério.

– Seja rico ou pobre, Brandon é muito mais homem do que alguma vez serás!

Os olhos de Eduardo estudaram-na. Mal conseguia respirar quando olhava para ela assim.

– Levanta-te! – ordenou ele, por fim.

– O quê?

– A tua irmã disse-me duas coisas. A primeira era verdade.

Começou a chover com mais força nesse momento.

– Levanta-te! – repetiu ele, com impaciência.

– Não! Já não sou tua secretária, nem tua amante. Não tens poder sobre mim.

– Estás grávida? – perguntou, enquanto se aproximava ainda mais. – O bebé é meu?

Ficou com falta de ar, ao ver que ele sabia.

Nem conseguia acreditar. A irmã traíra-a e contara tudo a Eduardo.

Sabia que Sami estava zangada, mas nunca a teria achado capaz de fazer algo parecido.

Falara com ela no dia anterior. Nesse momento, estivera bastante nervosa e assustada, com a sensação de estar prestes a cometer o pior erro da sua vida, e decidira contar-lhe o seu plano. Zangara-se muito e acusara-a de estar a enganar Brandon para casar com ela e ser pai do seu bebé.

Sami achava que, embora o seu ex-patrão fosse um cretino, merecia saber que ia ter um filho. Surpreendera-se ao saber que a irmã pensava que estava a ser egoísta e que as suas decisões iam afetar muitas pessoas.

– Estás? – insistiu Eduardo, com mais dureza na voz.

Sentiu nesse instante outra contração forte. Tentou usar a respiração para controlar a dor até passar, mas não lhe serviu de nada, pois doía muito.

– Muito bem. Não respondas – disse Eduardo, com frieza. – De todos os modos, não acreditaria numa palavra que saísse da tua boca, mas o teu corpo... – acrescentou, enquanto lhe acariciava a face e ela tentava ignorar a corrente elétrica que sentia por todo o corpo. – O teu corpo não mente.

Eduardo tirou-lhe o ramo de flores e atirou-o ao chão. Segurou-lhe nas mãos e puxou-a para a levantar. Ficou de pé, à frente dele, tremendo e sentindo-se mais vulnerável do que nunca.

– Portanto, é verdade, estás grávida. Quem é o pai?

– O quê? – balbuciou, confusa.

– É McLinn ou sou eu?

– Como podes insinuar...? – gaguejou, corando. – Sabes que eu era virgem quando...

– Isso foi o que disseste, mas suponho que também era mentira. Talvez estivesses à espera de casar e, depois de fazeres amor comigo, foste para casa do teu namorado e seduziste-o para teres um álibi, se acabasses por ficar grávida.

– Como podes dizer isso? Achas-me capaz de fazer uma coisa tão repugnante? – indignou-se, magoada.

– O bebé é meu ou de McLinn? – insistiu, com impaciência. – Ou não sabes?

– Porque estás a tentar magoar-me? – perguntou. – Brandon é meu amigo, só isso.

– Estiveste a viver com ele durante quase um ano. Esperas que acredite que dormiu no sofá?

– Não, estivemos a ajudar-nos um ao outro!

– Não me mintas mais, ele acedeu a casar contigo!

– Sim, mas só porque é um homem muito bom.

– Claro – replicou Eduardo, num tom de troça. – É por isso que os homens casam, por bondade.

Afastou-se dele. Sentiu dificuldade em respirar e tinha o coração acelerado.

– Os meus pais não sabem que estou grávida. Pensam que volto para casa porque não encontro trabalho aqui – explicou, com os olhos cheios de lágrimas. – Não posso aparecer grávida e solteira, nunca me perdoariam. E Brandon é o melhor homem que conheci, vai...

– Não quero saber nada dele e também não me importo com a tua vida! – interrompeu Eduardo. – É meu?

– Por favor, deixa-me, não me perguntes mais nada – sussurrou ela. – Não queres saber. Deixa-me dar-lhe um lar, quero cuidar dela e que tenha uma família.

– Ela? – repetiu Eduardo, em voz baixa.

– Sim, é uma menina, mas o que importa? Não queres ter nada comigo, deixaste-o muito claro. Esquece que me conheceste e...

– Ficaste louca? – e gemeu, agarrando-a pelos ombros. – Nunca permitirei que outro homem crie uma menina que pode ser minha filha! Quando nasce?

De repente, ouviu-se um trovão. O céu estava coberto de nuvens negras. Sentia-se entre a espada e a parede, prestes a fazer algo que podia mudar tudo para sempre.

Se lhe dissesse a verdade, a filha não ia ter a mesma infância feliz que ela tivera, vivendo no campo, brincando no celeiro do pai e sabendo que todos a conheciam e gostavam dela na sua pequena vila. Não queria que a menina tivesse uns pais que não se suportavam. Eduardo era tirano e egoísta, mas não podia mentir-lhe numa coisa tão importante.

– Nasce no dia dezassete de setembro.

Eduardo ficou a olhar para ela fixamente.

– Se existir a mínima possibilidade de McLinn ser o pai, diz-me agora, antes do teste de paternidade. Se me mentires em algo parecido, pagarás por isso. Entendes?

Ficou com falta ar. Sabia que o ex-patrão podia ser muito cruel.

– Não esperaria outra coisa de ti – sussurrou.

– Posso destruir-te, arruinarei os teus pais e sobretudo McLinn. Estás a ouvir? – insistiu, cego de fúria. – Portanto, mede as tuas palavras e diz-me a verdade. Sou o...?

– É óbvio! – explodiu ela, sem conseguir aguentar mais. – Claro que és o pai! És o único homem com quem fui para a cama.

Eduardo deu um passo atrás e ficou a olhar para ela fixamente.

– Como? Continuo a ser o único? Queres que acredite nisso?