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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2005 Carole Mortimer

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Uma secretária muito pessoal, n.º 916 - Julho 2016

Título original: His Very Personal Assistant

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2006

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-8611-7

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

– Um dia vou agarrar nessa mulher e vou estrangulá-la com um dos seus colares de diamantes!

Kit levantou a cabeça quando a porta do seu escritório se abriu e fez uma careta de desagrado quando esta bateu contra a parede.

Mentalmente, para si, para o seu interior… porque, para os outros, à frente dos outros, continuou a ser a secretária serena e eficiente que sempre fora...

Arqueou as sobrancelhas ao olhar para o seu chefe, Marcus Maitland, que apareceu junto dela e se dirigia para o seu escritório, olhando de esguelha para ela, com cara de poucos amigos.

– Não quero ser incomodado por ninguém – praguejou. – Absolutamente ninguém! – acrescentou enquanto fechava a porta com força e se enfiava no seu escritório.

Kit respirou fundo e virou-se para Lewis Grant, o advogado da empresa, que chegava nesse momento.

– A reunião com Angus Gerrard não deve ter corrido bem – comentou.

– É verdade – respondeu o advogado, sentando-se na beira da mesa, a olhar para a porta que o dono da empresa acabava de fechar.

Lewis e Marcus tinham saído há relativamente pouco tempo, porque tinham uma reunião com Angus Gerrard. Ambos achavam que a compra do império mediático do outro homem era uma mera formalidade, porém, pelos vistos, as coisas complicaram-se.

– Espero que não tenha sido por tua causa – comentou Kit.

Estava há seis meses a trabalhar para Marcus Maitland e sabia que o seu chefe exigia muito de si mesmo e, portanto, não suportava a incompetência nem a falta de compromisso dos seus empregados.

Podia fazer isso, pois, tendo em conta que era multimilionário e tinha muitas empresas, era normal que não quisesse perder tempo por causa dos erros dos outros.

– Não, ainda bem – Lewis sorriu.

– Então, a culpa foi da mulher que quer estrangular com os colares de diamantes?

Lewis assentiu.

– Catherine Grainger – respondeu.

Kit pensava que sim, porque, durante o tempo em que trabalhava para Marcus, percebeu que existia uma dura competição entre a Maitland Enterprises e a Grainger International, que vinha de há muitos anos atrás.

Catherine Grainger era a proprietária daquele império, e era a terceira vez nos últimos seis meses, desde que Kit trabalhava na empresa, que via o seu chefe enfrentar aquela mulher.

– O que aconteceu desta vez? – quis saber.

Lewis encolheu os ombros.

– Fez uma oferta melhor que a nossa e ganhou-nos – respondeu. – Angus Gerrard assinou um contrato com ela ontem.

– A sério – comentou Kit.

– Sim – disse Lewis, sem deixar de olhar para a porta do escritório de Marcus. – Marcus comentou comigo que esta é a terceira vez que acontece algo do género nos últimos meses – acrescentou.

Kit olhou para ele com curiosidade, pois acabava de pensar exactamente o mesmo.

– Bom, suponho que será uma coincidência – comentou o advogado, levantando-se. – Enfim, vou para o meu gabinete trabalhar um bocado – sorriu, agarrando na sua pasta e desaparecendo pelo corredor.

Kit franziu o sobrolho e perguntou-se o que teria querido dizer Lewis ao mencionar que era a terceira vez que Catherine Grainger tirava um contrato precioso ao seu chefe.

Quereria isso dizer que Marcus Maitland estava a começar a suspeitar da integridade de alguém da sua equipa?

Isso poderia significar que todos estavam sob suspeita, inclusive ela.

– Estás a sonhar acordada, menina McGuire? – perguntou uma voz feminina e desagradável nas suas costas. – Isso quer dizer que Marcus ainda não voltou.

Andrea Revel tinha entrado no escritório como Desmond pela sua casa, envolta numa nuvem de perfume.

Kit ficou a olhar para ela, com muita serenidade, ciente de que não era culpa de Laura, a secretária de Andrea, o facto daquela ter conseguido penetrar ali.

Andrea era a última mulher na vida de Marcus, que, de resto, parecia ter tido uma vida amorosa muito movimentada.

Sem sombra de dúvidas, era uma mulher incrivelmente bonita, de cabelo loiro, olhos verdes e um corpo escultural.

Todos os homens reparavam nela, sobretudo quando vestia modelos exclusivos, que não lhe custava muito encontrar, pois trabalhava como revendedora para algumas das melhores lojas da cidade.

No entanto, também era uma das pessoas mais desagradáveis que Kit conhecia: era uma mulher fria e calculista. Pelo menos quando estava sozinha, porque na companhia de Marcus era muito feminina e quase vulnerável.

Kit não tinha intenção nenhuma de entrar em cena, portanto ignorou as suas palavras, que davam a entender que não trabalhava quando o seu chefe não estava no escritório.

– Não, na verdade acaba de voltar – disse-lhe.

– Ah, que bem! – comentou Andrea, sorrindo e dirigindo-se para a porta do escritório de Marcus.

– Mas disse que não quer ser incomodado por ninguém – disse Kit, enquanto se levantava.

Andrea olhou para ela com desprezo.

– Eu não sou ninguém! – respondeu-lhe. – Asseguro-te que quer ver-me – acrescentou, agarrando na maçaneta da porta. – Sai daí! – acrescentou, zangada. – Não reparaste que levas o teu trabalho como secretária de Marcus demasiado a sério? Para que saibas, ele já mo disse várias vezes.

Kit endireitou as costas e ficou a olhar para Andrea, que era mais baixa que ela. O mais certo era que aquela mulher cedo deixasse de ser a namorada do seu chefe, mas, enquanto era, tinha que lhe ter respeito.

Embora às vezes lhe desse vontade de mandar um murro naquele sorriso de superioridade!

– Pois não parece que se sinta muito incomodado, porque continuo a trabalhar para ele – respondeu, fingindo amabilidade.

Andrea olhou para ela, furiosa.

– Como…?

– Vou perguntar ao senhor Maitland se quer vê-la – continuou Kit, enquanto abria a porta do escritório de Marcus, fechando-a com firmeza logo de seguida.

Aquilo não era nada pessoal, só parte do seu trabalho, mas ter que aturar Andrea Revel não fazia parte dos seus sonhos,

Ao ouvir a porta, Marcus Maitland levantou a cabeça, disposto a comer quem ousara interrompê-lo.

Tinha trinta e nove anos e era um dos homens mais bonitos que Kit alguma vez vira. Tinha o cabelo muito preto e uns olhos azuis profundos, nariz direito, lábios volumosos e queixo quadrado.

Apesar daquela imagem, Kit olhava para ele sempre com indiferença, porque Angie Dwyer, a anterior secretária de Marcus, tinha-a precavido quando fora à entrevista de trabalho, há sete meses, que o pior que podia fazer era apaixonar-se por ele, uma vez que aquele homem nunca se apaixonava por nenhuma das mulheres com as quais mantinha relações.

Relações que, por outro lado, não duravam mais que alguns meses.

Tendo em conta as circunstâncias que tinha obrigado Kit a deixar o seu último trabalho, onde o seu chefe parecia ter por prática comum relacionar-se intimamente com a secretária, não tinha nenhum interesse em apaixonar-se por Marcus.

Claro que isso foi o seu pensamento até o conhecer. Então, a primeira coisa que lhe ocorrera fora o pensamento de que nenhuma mulher no raio de vinte quilómetros seria capaz de resistir àquele homem.

Marcus Maitland era alto, misterioso e bonito, mas o que atraía as mulheres era algo que não conseguia explicar. Para começar, quando não estava horrivelmente zangado, como naquela manhã, era um homem capaz de deslumbrar o coração mais duro.

Além disso, o seu dinheiro e o seu êxito profissional conferiam-lhe segurança em si mesmo. E isso fazia-o sobressair.

Numa palavra, Marcus Maitland era espectacular.

No entanto, Kit acautelava-se para que ele não se desse conta do que pensava dele.

Por outro lado, seguia o aviso da secretária anterior: nunca ir produzida para o trabalho. Apanhava o seu lindo cabelo, maquilhava-se muito suavemente e punha os óculos em vez de lentes de contacto para atenuar o efeito dos seus maravilhosos olhos verdes e das suas compridíssimas pestanas.

Usava sempre casacos largos, saias abaixo do joelho e sapatos rasos.

A primeira manhã que olhou para o espelho arranjada daquela maneira pensou que nenhum homem que a tivesse como secretária quereria ter uma aventura com ela.

Kit já passara por muito quando tinha viajado com o seu anterior chefe, tendo que o evitar em hotéis e restaurantes.

A última coisa que queria era evitar outra situação dessas. Embora, quando conhecera Marcus Maitland, tivesse pensado que não se importaria que ele fosse o seu anterior chefe...

Mesmo assim, decidira que ia ser uma secretária normal e vulgar, que não ia destacar-se pela sua beleza física e, até aquele momento, estava a dar certo.

Porém, umas quantas conversas iguais às que acabava de ter com Andrea Revel e, se calhar, decidia mandar o seu profissionalismo à fava e...

Não, não podia fazer isso. Gostava do seu trabalho e das pessoas com quem trabalhava e, sobretudo, o homem para quem trabalhava.

Além disso, precisava do trabalho.

O que iam pensar as pessoas quando fosse a outra entrevista de trabalho e tivesse que dizer que tinha sido despedida por Marcus Maitland porque tinha faltado ao respeito à namorada dele?

Por outro lado, gostava que Marcus a conhecesse longe das paredes daquele escritório, com o cabelo solto, sem óculos e com calças de ganga justas...

– O que queres? – perguntou Marcus, batendo com os dedos sobre a mesa.

Kit parecia ter saído do seu casulo e Marcus contemplava a mudança de larva a borboleta protagonizada por ela. Por fim, apaixonavam-se e tudo acabava bem. Era mesmo um filme à Hollywood. Bela fantasia!

– A menina Revel quer vê-lo – respondeu Kit.

– Quando?

– Agora. Está à espera aqui fora, no meu gabinete – explicou-lhe Kit.

– Porque não me disseste isso antes? – perguntou Marcus, levantando-se com movimentos impacientes, dirigindo-se para a porta – Entra, Andrea – convidou. – Ia telefonar-te agora mesmo. Queria falar contigo sobre uma coisa.

Kit endireitou as costas quando a outra mulher entrou, dedicando-lhe um olhar triunfal, e ainda teve que suportar o beijo na boca deliberado e provocatório entre Andrea e Marcus.

Kit sentiu que o seu estômago dava uma volta quando Marcus devolveu o beijo à namorada, portanto apressou-se a sair do escritório dele.

Ainda bem que Angie Dwyer a tinha avisado!

Trabalhava ainda há uma semana para o seu chefe quando se apercebeu de que estava muito atraída por ele.

Não lhe pareceu o mais inteligente que podia fazer, mas disse para si mesma que ele nunca iria descobrir.

Assim, o seu orgulho permaneceria intacto.

Só o seu coração é que se acelerava de cada vez que o via!

Kit sentou-se na sua mesa e disse para si que não podia continuar a ter aqueles pensamentos. Desde que trabalhava ali, tinha visto desfilar três namoradas diferentes, incluindo Andrea Revel, e todas, sem excepção, tinham trinta e tantos anos, eram belas, loiras e femininas.

Nada a ver com ela, que tinha vinte e seis anos, era alta, magra e ruiva.

Noutras palavras, mesmo que não tivesse adoptado a estratégia daquele visual para afastar o chefe, ele nunca repararia nela, mesmo que estivesse produzida. Não era o tipo de mulher de Marcus Maitland e…

– Telefona-me quando voltares! – gritou Andrea Revel, quando saia do escritório do chefe. – Apetece-me ver-te, mas calhar, tenho coisas mais importantes para fazer! – exclamou enquanto fechava a porta.

Depois, inclinou-se sobre a mesa de Kit e dirigiu-se a ela em atitude ameaçadora.

– Achas-te muito esperta, não? – perguntou. – Mas veremos quem se ri por último! – concluiu, erguendo-se, puxando os cabelos loiros para trás e saindo com um movimento provocador das ancas.

«Que raios terá acontecido?», perguntou-se Kit.

Naquele momento, Marcus abriu a porta do escritório.

– Já foi? – perguntou.

– A menina Revel? – respondeu Kit, fazendo-se de parva.

Marcus olhou para ela e sorriu.

– Sim, a menina Revel – disse-lhe, recuperando o seu bom humor.

Kit assentiu.

– Sim, pareces ainda surpreendida pelo ataque verbal de Andrea.

Marcus ficou a olhar para ela intensamente.

– Às vezes, menina McGuire, não tenho a certeza se és realmente como pareces ser...

Kit conseguiu manter a compostura, mas tinha-lhe disparado o ritmo cardíaco. Será que Marcus tinha descoberto a sua ligação com…?

Não, era impossível.

– Parecias zangada – comentou, mudando de assunto deliberadamente.

Marcus sorriu, apoiou-se na ombreira da porta e cruzou os braços.

– Ou melhor, furiosa, não?

– Bom... sim – respondeu Kit.

Marcus assentiu.

– Receio que tenha sido culpa tua.

Kit olhou para ele com os olhos muito abertos.

– Por minha culpa? Mas eu limitei-me apenas a fazer o meu trabalho – defendeu-se. – Além disso, foi ela que se comportou de maneira grosseira comigo.

– Ah, sim?

– Sim... – respondeu Kit, percebendo, de repente, que Marcus não fazia ideia do que ela estava a contar-lhe. – Porque é que a menina Revel está zangada comigo?

Marcus encolheu os ombros.

– Zangou-se porque, em vez de ser ela a acompanhar-me este fim-de-semana, disse-lhe que vou contigo – explicou.

Kit ficou a olhar para ele, estupefacta.

Como?

O que dissera?

De que raios estava a falar?

Capítulo 2

 

– Bom, a sua anterior secretária já te tinha dito que, se calhar, tinhas que ir com ele de viagem de negócios de vez em quando – disse Penny, a companheira de apartamento de Kit, enquanto apanhava o cabelo naquela noite, quando preparavam o jantar.

Sim, era verdade que Angie lhe dissera que aquilo podia acontecer, mas Kit nunca pensara nisso, porque naqueles seis meses, sempre que Marcus precisava de se ausentar por alguns dias, tinha preferido levar Lewis com ele.

O problema não era ter de viajar com Marcus, mas o modo como ele lhe comunicara isso, a sorrir. Ficou surpreendida perante a surpresa, e desequilibrou-se um pouco, ou melhor, muito!

– Escusas de fazer essa cara, menina McGuire – disse-lhe o seu chefe, após ter-lhe explicado que Andrea e ele já não saíam juntos e que aquele fim-de-semana ia ser passado com ela. – Garanto-lhe que não vou tentar nada – acrescentara, num tom brincalhão. – O que acontece é que este fim-de-semana vou precisar mais das tuas capacidades intelectuais do que dos óbvios encantos de Andrea.

Aquela conversa não era um bom presságio, porém, dado que fora ela quem deliberadamente decidira não mostrar a sua beleza no escritório, não havia muito que pudesse dizer em sua defesa.

O que é que ia pensar o seu chefe quando a visse diferente?

Os cabelos soltos caíam-lhe sobre os ombros, a t-shirt minúscula e as calças de ganga apertadas marcavam as suas curvas, e não usava os óculos, porque escondiam os seus lindos olhos verdes.

Parecia dez anos mais nova que a eficiente menina McGuire!

Tendo em conta que Marcus preferia mulheres loiras e belas, ele provavelmente não se impressionaria

– E onde vão passar o fim-de-semana? – perguntou Penny, enquanto cortava tomates para fazer a salada.

Kit olhou para a sua amiga com desaprovação.

– Não vamos a lado nenhum – corrigiu-a. – Marcus aceitou o convite de Desmond Hayes…

– Desmond Hayes, o multimilionário? O dono das transportadoras aéreas?

– Por acaso conheces outro? – respondeu Kit, saboreando o momento, pois a sua companheira de apartamento ficou com a boca aberta ao saber quem era o seu anfitrião naquele fim-de-semana.

– A sério? Portanto vais passar o fim-de-semana com Desmond Hayes… – acrescentou, assobiando.

Kit cerrou os dentes.

– Não vou passar o fim-de-semana nem com Desmond Hayes nem com Marcus Maitland. É uma viagem de trabalho – respondeu-lhe.

– Sim, mas vais passar o fim-de-semana com dois dos homens mais bonitos...