Editado por Harlequin Ibérica.
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© 2008 Jennie Lucas
© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Os segredos do príncipe, n.º 1177 - dezembro 2017
Título original: Italian Prince, Wedlocked Wife
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
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Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.
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I.S.B.N.: 978-84-9170-396-9
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Página de título
Créditos
Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Se gostou deste livro…
Encontrara-a! O príncipe Maximo d’Aquilla estacionou o seu Mercedes sob um candeeiro fundido e ficou a olhar para a bomba de gasolina iluminada que tinha à sua frente. A luz iluminava a noite como uma vela na escuridão e desenhava a silhueta da única empregada que havia no interior.
Lucia Ferrazzi.
A neta do seu inimigo, a ex-namorada do seu rival nos negócios.
«O destino», pensou Maximo, apertando o volante.
Depois de tantos anos à procura dela que outra coisa podia ser?
Naquele momento, o seu telemóvel tocou. Ermanno, um dos guarda-costas que estavam à espera no carro estacionado atrás do dele, só pronunciou uma palavra.
– Signore?
– Esperem até eu fazer um sinal – respondeu Maximo, em italiano.
Depois, desligou o telefone e ficou a olhar para a jovem durante outros cinco minutos. Eram dez da noite do dia trinta e um de Dezembro e o normal teria sido que a loja estivesse cheia de pessoas a comprar vinho e cerveja, mas aquele bairro dos subúrbios de Chicago estava deserto e escuro.
Lucia estava a atender o único cliente que havia dentro da loja, ao qual ofereceu um tímido sorriso. Tinha a cara lavada, sem maquilhagem, e não aparentava os vinte e um anos que tinha. Uns óculos emolduravam os seus grandes olhos castanhos.
Parecia um rato de biblioteca.
Maximo pensou que ia ser fácil fazer com que se apaixonasse por ele.
O cliente foi-se embora e um sedan cinzento estacionou junto da bomba. Saiu um tipo magro que ficou a olhar para a rapariga, aplicou um spray mentolado na boca e caminhou para a loja.
Maximo viu que a rapariga olhava para ele, alarmada. Era evidente que tinha medo. Aquilo fê-lo sorrir.
Aquela rapariga não fazia ideia da mudança que estava prestes a acontecer na sua vida.
De agora em diante, estaria sob a sua protecção.
Antes da meia-noite, seria a sua esposa.
Então, a sua vingança seria completa e, quanto ao outro assunto… Maximo afastou aquele pensamento da sua mente.
Estava tudo prestes a acabar. Casar-se-ia com ela e dentro de três meses seria livre. Livre de tudo.
– Oh, não… – murmurou Lucy Abbott.
Depois, apoiou a cabeça no vidro da janela pelo qual vira chegar o seu chefe.
Rezara para não o ver naquela noite, para que tivesse um encontro, uma festa ou o que quer que fosse, para que não passasse pela loja para «ver como estava tudo».
«Só mais uma semana», recordou-se Lucy, enquanto respirava fundo.
Só restava uma semana a ter de aguentar as brincadeiras estúpidas de Darryl, os seus olhares libidinosos e os seus toques «acidentais».
Estava à espera que a contratassem numa loja próxima como assistente da supervisora e precisava das boas referências do seu actual chefe. Assim que começasse no outro emprego, poderia esquecer-se dele para sempre.
No outro emprego, ia ganhar mais dinheiro. Pela primeira vez desde que a sua filha nascera, ia poder trabalhar num só sítio e não em três e ia trabalhar quarenta horas semanais em vez de sessenta, o que significaria que conseguiria passar mais algumas horas com o seu bebé todos os dias.
Bebé? Chloe já não era um bebé. No dia seguinte, faria o seu primeiro ano de vida. Era incrível. Perdera quase o ano inteiro da vida da sua filha porque tinha tido de estar a trabalhar para poder pagar a renda, os médicos e a creche.
Perdera a primeira vez que se sentara sozinha, a primeira vez que gatinhara, perdera inumeráveis sorrisos e choros e muito mais coisas…
«Já chega», disse para si, com lágrimas nos olhos.
Darryl entrou na loja seguido de uma rajada de vento e de neve.
– Olá, Luce! – cumprimentou-a, sorrindo com a boca torcida. – Feliz Ano Novo!
– Feliz Ano Novo… – murmurou Lucy.
Não gostava nada que lhe chamasse Luce porque a fazia lembrar-se do último homem que a chamara assim.
– Houve movimento esta noite?
– Sim, muito – mentiu Lucy, com um nó na garganta.
– Vamos ver.
Lucy tentou afastar-se, mas o seu chefe conseguiu esfregar-se nela ao passar para trás do balcão. Depois, abriu a caixa registadora e, ao ver que só havia alguns dólares, olhou para ela com uma expressão acusadora.
– Que brincalhona!
– A sério, veio muita gente – respondeu Lucy, fingindo que se ria. – Não vês todas estas pegadas? Na verdade, o chão está molhado, portanto vou passar a esfregona…
– Tu és sempre tão trabalhadora – respondeu Darryl, agarrando-a com a sua mão ossuda. – Achas que és melhor do que eu, não é?
– Não, claro que não… – respondeu Lucy.
O seu chefe agarrou-a pelas alças do avental de trabalho e ficou a olhar para ela com a respiração entrecortada.
– Já estou farto de me dar bem contigo em troca de nada.
Lucy ouviu a campainha que havia sobre a porta e que indicava que tinha entrado alguém, porém, antes de ter tempo de levantar o olhar, Darryl agarrou-a pela nuca e tentou pôr-lhe os seus lábios asquerosos em cima.
– Mas o que estás a fazer? Solta-me agora mesmo!
– Andas por aí a fazer-te de digna, mas eu sei perfeitamente que vais para a cama com todos – acusou-a o seu chefe. – É por isso que tens uma filha. Sei perfeitamente que me desejas…
– Não! – protestou Lucy, tentando afastar a cara.
Darryl deu um salto quando uma mão grande o agarrou pelo ombro e o obrigou a virar-se e a afastar-se de Lucy, que viu então que a pessoa que tinha entrado era um homem moreno e alto.
O recém-chegado agarrara no seu chefe pelas lapelas e Darryl, muito mais pequeno e frágil, não conseguia fazer nada para escapar, pois, para começar, nem sequer chegava com os pés ao chão.
O desconhecido tinha os olhos azuis e um olhar muito duro.
– Fora! – ordenou, num tom de voz glacial.
– Sim – Darryl ofegou.
Então, o gigante pousou-o novamente no chão e o chefe de Lucy dirigiu-se para a porta como um caranguejo, andando para trás e tropeçando de susto.
– Estás despedida! – gritou.
Uma vez na rua, correu sobre a neve para o seu velho carro e perdeu-se na escuridão da rua.
Despedida? Despedira-a? Lucy sentiu que o seu coração acelerava e olhou para o homem que a salvara. O desconhecido também olhou para ela. A expressividade dos seus olhos acalmou-a. Não lhe tocara, mas também não era preciso. O efeito do seu olhar fazia-a tremer dos pés à cabeça, como se aquele homem acabasse de despertar nela alguma coisa que estava adormecida no mais profundo de si própria.
– Está ferida, signorina? – perguntou-lhe, com sotaque italiano.
Lucy teve de olhar para cima porque aquele homem era muito mais alto do que ela. Além disso, tinha os ombros muito largos e vestia um elegante casaco comprido e preto. Quanto ao seu rosto… que rosto! Nariz aquilino, maçãs do rosto altas, olhos azuis, pele morena, cabelo preto e ondulado e queixo quadrado.
Trinta e poucos anos?
Deixara-a espantada com a forma como a salvara e com a forma como a observava naquele momento. Lucy nunca vira um homem tão belo e tão forte ao mesmo tempo. Parecia o príncipe maravilhoso de um sonho esquecido há muito tempo.
– Signorina? – insistiu o desconhecido, olhando para ela intensamente ao mesmo tempo que elevava a mão para lhe acariciar a face. – Não a terá magoado?
Lucy pensou que a breve carícia era uma explosão que lhe percorria o corpo inteiro. Foi como lançar-se nua sobre um leito de neve, uma sensação muito intensa.
– Não, estou bem… embora… me tenha despedido – queixou-se.
Despedida.
Aquilo significava que não ia poder pagar à senhora Plotzky.
Se ficasse sem ama, não ia poder ir trabalhar nos dois empregos a tempo parcial e já devia um mês de renda porque no mês passado a sua filha tinha tido de ser internada com papeira. O senhorio da casa em que viviam já tinha ameaçado expulsá-la se não lhe pagasse imediatamente.
De repente, imaginou-se a percorrer as geladas ruas de Chicago com a sua filha ao colo, a chorar, a passarem as noites cheias de frio sem nenhum sítio para onde ir. De repente, encontrava-se despedida no final do Inverno, sem trabalho, sem dinheiro, sem casa…
Falhara à sua filha.
Lucy sentiu um nó na garganta que a impedia de respirar e repetiu o nome da sua filha várias vezes, sentiu que os joelhos lhe tremiam e que a dor e o cansaço que reprimira durante todo um ano se apoderavam dela. De repente, tudo ficou preto…
O homem agarrou-a antes de cair no chão, pegou nela como se não pesasse absolutamente nada e levou-a para a porta.
– Não continuarás a trabalhar aqui! – gritou.
Lucy olhou para ele. Sentia-se enjoada e não só por ter estado prestes a desmaiar. A verdade era que estar perto daquele desconhecido, encontrar-se entre os seus braços, fazia com que lhe acelerasse o coração. Aquele homem era tão bonito como o protagonista de um romance.
Enquanto a tirava de trás do balcão e a levava para a porta, Lucy reparou no exemplar de O Monte dos Vendavais da biblioteca que tinha na mala.
Mas aquele desconhecido tão bonito não era Heathcliff e ela, certamente, não era Cathy, a protagonista que tinha tido uma vida de sonho.
As histórias românticas não tinham nada a ver com a realidade.
Ficara muito claro.
Aprendera-o da pior maneira.
– Para onde me levas? – perguntou-lhe.
– Para longe daqui.
– Põe-me no chão agora mesmo! – gritou Lucy.
Todos os loucos de Chicago tinham decidido encontrar-se na loja naquela noite para lhe arruinarem a vida ou quê?
– Solta-me! – insistiu, esperneando.
De repente, o desconhecido soltou-a e Lucy viu-se obrigada a deslizar pelo seu corpo forte e impecavelmente vestido. Percebeu que estava a tremer, mas estava novamente de pé.
– Acho que a palavra que procuras é «obrigado» – comentou o homem.
Era verdade que Lucy queria agradecer-lhe por a ter salvado do seu chefe, mas agora pensava que, se calhar, devia ter permitido que Darryl a beijasse, pois, ao fim e ao cabo, o que era um beijo comparado com o facto de a sua filha não ter casa?
– Obrigada? – perguntou, furiosa. – Por fazer com que me despeçam? Conseguiria ter controlado Darryl perfeitamente se não te tivesses intrometido!
– Sim, é verdade que estava claro que tinhas a situação controlada – gozou ele, sorrindo.
Lucy apertou os dentes.
– Quero que lhe telefones imediatamente e que lhe digas que lamentas!
– O que lamento é não ter usado a sua cara para lavar o chão.
Se não recuperasse o seu emprego, ia ver-se obrigada a levar a sua filha para um abrigo para indigentes e, se todos estivessem cheios, o que era mais do que provável tendo em conta o frio que estava naquela cidade naquela época do ano, não ia ter outro remédio senão dormir na carrinha decrépita que tinha.
E era tudo culpa dela por não o ter feito bem, por não ter sabido proteger a sua filha.
Lucy sentiu que o terror se apoderava dela.
– Preciso do emprego!
– Não, isso não é verdade – respondeu o desconhecido com muita calma, a calma e a arrogância que o dinheiro dá. – Não irás dizer-me que terias aceitado este emprego se não estivesses numa situação desesperada.
Lucy ficou espantada com a sua precisão.
Como não tinha economias e com a pouca qualificação profissional de que dispunha, vira-se forçada a aceitar empregos mal pagos desde que o pai de Chloe as abandonara uma semana antes de a sua filha nascer. Depois, tivera de trabalhar sem parar para poder sobreviver, já que, num ataque de loucura, renunciara à bolsa que lhe tinham dado para ir para a universidade e fizera tudo para estar com ele, com aquele homem que se fora embora, deixando o seu bebé na barriga dela e a lembrança das suas promessas.
Durante aquele ano, conseguira manter-se à tona por pouco. Um erro como aquele era mais do que suficiente para perder tudo e não podia deixar que acontecesse.
– Por favor – murmurou. – Não tens ideia do que acontecerá se perder o emprego.
O desconhecido olhou para ela, estendeu o braço, agarrou-a pelo queixo amavelmente e obrigou-a a olhar para ele.
– Não voltarás a ter nada para recear. Agora és minha, Lucy, e eu protejo sempre o que é meu.
Era dele? Mas o que é que aquele homem estava a dizer? E como sabia que se chamava Lucy?
– Como… como sabes como me chamo?
– Eu sei absolutamente tudo sobre ti – respondeu o desconhecido. – Vim para tornar os teus sonhos realidade.
Os seus sonhos.
O grande sonho de Lucy era ter uma casinha acolhedora rodeada de luz e de flores, uma casa em que a sua filha pudesse crescer segura e feliz. Também gostaria de ter um homem para não estar sozinha e poder partilhar o seu amor.
– O único sonho que tenho neste momento é que telefones a Darryl e lhe supliques que te perdoe! – exclamou, no entanto.
– Isso não é um sonho, mas uma fantasia – respondeu o desconhecido, arqueando as sobrancelhas.
– O que achavas que ia dizer, que sonho passar a noite na tua cama a fazer amor sem parar?
Dissera-o com a intenção de ser sarcástica, mas o desconhecido estava a olhar para ela com tanta paixão que Lucy tremeu dos pés à cabeça.
– Estou a oferecer-te a possibilidade de poderes vingar-te do homem que te magoou.
– Já te disse que Darryl não me fez nada, não lhe deste tempo…
– Alexander Wentworth – disse o desconhecido, de repente.
Ao ouvir aquele nome, Lucy sentiu que o seu sangue gelava nas veias.
– Como?
– Quero que se arrependa do dia em que vos abandonou – declarou, olhando para ela com os seus olhos azuis intensos. – Vens comigo para Itália e vais viver rodeada de luxo e de riqueza.