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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2009 Jennie Lucas

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Paixão no rio de janeiro, n.º 1208 - janeiro 2018

Título original: Virgin Mistress, Scandalous Love-Child

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-992-3

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Grávida.

Quando Ellie Jensen saiu do metro, ainda tremia. Não se apercebera do facto de que, depois de um longo Inverno, Nova Iorque se rendera finalmente a uma Primavera brilhante.

Contudo, ela estava gelada. Não sentia os dedos dos pés nem das mãos desde que, naquela manhã, vira os resultados do teste de gravidez…

Grávida.

Ia casar-se dentro de seis horas e estava grávida.

De outro homem.

Do seu chefe.

Parou diante do edifício Serrador. Olhou para o trigésimo andar e sentiu como o pânico se apoderava dela.

Diogo Serrador, o magnata frio e sombrio para quem trabalhava há um ano, ia ser pai.

Ainda recordava como, durante a noite apaixonada que tinham partilhado no Carnaval do Rio, ele lhe dissera que não podia ficar grávida. Sussurrara-lhe ao ouvido que não se preocupasse, pois seria impossível.

Ela acreditara!

Não compreendia como fora tão estúpida. Fora vítima do cliché mais antigo do mundo, uma rapariga da vila inocente, que se mudara para a grande cidade para se deixar seduzir pelo seu chefe arrogante e rico.

Devia ter deixado a empresa no Natal, quando Timothy o fizera. No entanto, continuara a trabalhar lá, como se nada pudesse impedir que perdesse a cidade que amava, a vida que adorava, o homem que…

Deixou de pensar nisso e disse a si mesma que fora uma grande teimosia da sua parte.

Sabia que a notícia da sua gravidez não transformaria Diogo em pai. O famoso playboy tinha inúmeras mulheres ao seu dispor, mulheres que tratava como rainhas quando lhe apetecia, para depois as tratar como se fossem lixo. Certamente, já a esquecera, uma rapariga que usava roupa barata e que não tinha um aspecto muito atraente.

Diogo Serrador… Um pai decente?

O mais provável seria que lhe oferecesse dinheiro para que abortasse.

– Oh… – disse, tapando a cara com as mãos e amaldiçoando Diogo em voz alta.

Embora aquela gravidez fosse muito inconveniente, queria muito ter aquele bebé. Era o seu filho. A sua família.

No entanto, sabia que Diogo tinha o direito de saber que ia ser pai.

Entrou no edifício e dirigiu-se para os elevadores. Quando chegou ao trigésimo andar, dirigiu-se com muita determinação para os escritórios.

– Estás atrasada – disse Carmen Álvarez quando a viu. – Os números que me deste ontem à noite não estão correctos. O que se passa contigo, rapariga?

De repente, Ellie começou a sentir náuseas. Já se sentira enjoada duas vezes enquanto se dirigia para ali de metro, vinda do seu pequeno apartamento em Washington Heights. Embora, na verdade, sofresse enjoos há meses. Aquilo deveria ter sido um sinal, porém, dissera a si mesma que a sua menstruação não era muito regular. Não podia estar grávida. Diogo Serrador dera-lhe a sua palavra!

– Estás doente? – perguntou a senhora Álvarez, franzindo o sobrolho. – Ou foste festejar ontem à noite?

– Festejar? – perguntou Ellie, rindo-se levemente. Naquela manhã, quando fora finalmente capaz de subir o fecho da sua saia preta e de abotoar os botões da sua camisa branca, dirigira-se para uma farmácia aberta vinte e quatro horas por dia. Então, comprara um teste de gravidez. – Não, não fui sair.

– Então, deve ser um homem – disse Carmen. – Já vi isto antes. Espera um minuto – ordenou a secretária, antes de atender o telefone. – Escritório de Diogo Serrador…

Outra das secretárias aproximou-se de Ellie para lhe dar algumas palmadinhas no ombro.

– Já viste a fotografia do senhor Serrador nos jornais desta manhã? – perguntou Jessica. – Ontem à noite, levou lady Allegra Woodville a um jantar de caridade. É tão bonita e elegante, não te parece? Mas, claro, ela provém de uma família de classe alta, tal como ele.

Ellie cerrou os dentes e pensou que nunca deveria ter-lhe confessado a sua paixão por Diogo… Nem o quanto sofrera depois de ter estado com ele no Rio de Janeiro.

Depois disso, Jessica espalhara vários rumores pelo escritório. Naquele momento, todo o pessoal que trabalhava para Diogo a considerava uma oportunista. Ela, que nunca tinha beijado um homem! Fora ele quem a seduzira no Rio de Janeiro!

No entanto, finalmente renunciara aos seus sonhos e apercebera-se de que a sua avó tinha razão.

O seu coração não era suficientemente duro nem moderno para sobreviver à vida na grande cidade e dera-se por vencida.

Três semanas antes, aceitara o pedido de Timothy. Ele deixara o seu emprego prestigiado como advogado nos escritórios Serrador para ir trabalhar para a pequena vila de ambos e abrir uma firma. Na altura, insistira para que Ellie fosse com ele, porém, ela recusara-se.

Contudo, depois daquele dia não teria de voltar a Nova Iorque… Nunca mais teria de voltar a ver Diogo. Ia casar-se com um homem respeitável que a amava. Um homem no qual podia confiar.

Claro, isso se Timothy ainda quisesse casar-se com ela quando descobrisse que estava grávida de outro homem…

A senhora Álvarez desligou o telefone e olhou para ela.

– Não sei o que estiveste a fazer no teu tempo livre, mas o teu trabalho tem sido inaceitável. Esta é a tua última oportunidade…

A voz profunda de Diogo interrompeu-a pelo intercomunicador.

– Senhora Álvarez, venha ao meu gabinete imediatamente.

O pânico apoderou-se de Ellie ao ouvir aquela voz e o seu coração acelerou.

– Sim, senhor – respondeu a secretária. Então, olhou para Ellie de forma crítica. – Preciso que faças uma nova análise…

– Não – sussurrou Ellie.

– O que disseste? – perguntou a senhora Álvarez, aborrecida.

Tremendo, mas muito decidida, Ellie olhou para a mulher.

– Tenho de falar com ele.

– Nem pensar! – exclamou a secretária.

– Deixa-a entrar – disse Jessica. – Assim que a vir vestida com este fato horrendo, vai certamente despedi-la.

Ignorando o comentário ofensivo de Jessica, Ellie começou a dirigir-se para o escritório do seu chefe.

– Pára imediatamente! – ordenou Carmen, pondo-se diante dela para impedir que continuasse. – Tu não és ninguém aqui e já suportei demasiado a tua incompetência e a tua insolência! Arruma as tuas coisas. Estás despedida!

Desesperada, Ellie conseguiu passar por ela e entrar no escritório do seu chefe.

 

 

Diogo Serrador estava a ter uma semana infernal.

Depois de um ano de trabalho árduo e depois de gastar milhões de dólares, a sua aquisição hostil da Trock Nickel Ltd falhara.

Tudo porque perdera o seu aliado entre os directores da empresa.

Porque não fora a uma reunião importante.

Porque uma das suas secretárias não escrevera correctamente as horas…

Aquele fora apenas o último dos erros de Ellie Jensen. Durante as semanas anteriores, observara como o trabalho dela piorava rapidamente. Vira-a a chegar atrasada, a sair mais cedo, a prolongar a hora de almoço e a passar demasiado tempo na casa de banho.

Praguejando, levantou-se da sua secretária e começou a andar de um lado para o outro diante da janela, de onde se via Manhattan e o parque Battery. Apesar da inexperiência da menina Jensen e da forma como a contratara, simplesmente com base na recomendação do antigo chefe da sua equipa de advogados, levara-a consigo para o Rio de Janeiro para tratar de um negócio importante, pois a senhora Álvarez estava doente na altura. Ellie Jensen poderia ter-se tornado uma funcionária muito valiosa para a sua empresa.

Porém, cometera o erro de a seduzir…

Cerrou os dentes e disse para si que nunca devia tê-la levado ao Rio de Janeiro. Devia tê-la despedido no Natal, na mesma altura em que despedira o seu advogado traiçoeiro.

Ficou tenso ao recordar a cara pálida de Timothy Wright quando soubera que ele descobrira o que fizera.

– Devia agradecer-me, senhor Serrador – dissera o homem. – Poupei-lhe milhões de dólares.

Agradecer-lhe? Wright merecia arder no inferno!

Contudo, tivera de admitir que talvez gostasse de ter Ellie no escritório. Ao contrário de muitas secretárias, ela sempre agira de forma alegre e amável. Nunca se envolvera nos mexericos e dera vivacidade ao escritório.

Até que fora para a cama com ela.

Soubera que a rapariga vinha de uma vila, contudo, como tinha vinte e quatro anos, nunca lhe passara pela cabeça que fosse virgem. Se tivesse sabido, nunca lhe teria tocado. As virgens encaravam as relações sexuais demasiado a sério e viam-nas como o início de uma relação. Além disso, normalmente eram aborrecidas na cama.

No entanto, Ellie Jensen fora encantadoramente sensual, com aqueles lindos olhos azuis e aquele cabelo loiro angelical. Tinha um corpo tão fantástico que ele presumira que tinha muita experiência. Movido pelo calor e pela luxúria do Carnaval do Rio, agira num impulso. Fora uma noite maravilhosa… Ficava excitado ao recordá-la.

Contudo, havia muitas mulheres bonitas no mundo e não estava interessado em partir corações inocentes.

Ouviu um certo alvoroço à porta do seu escritório e, irritado, voltou a carregar no botão do intercomunicador.

– Senhora Álvarez? A que se deve o atraso?

A porta do escritório abriu-se abruptamente e Diogo ficou tenso.

– Finalmente! Por favor, escreva o seguinte…

No entanto, ao levantar o olhar, em vez de ver a sua secretária, viu a sua cruz… A mulher cuja beleza e inocência lhe tinham custado um negócio bilionário.

– Tenho de falar consigo! – gritou ela, debatendo-se com a senhora Álvarez. – Por favor!

– Menina Jensen – disse ele e então olhou atentamente para ela.

Ellie usava o cabelo apanhado num rabo-de-cavalo e tinha olheiras. O seu aspecto era realmente horrível e a sua roupa amarrotada fazia com que parecesse mais gorda. Perguntou-se o que lhe acontecera.

Sem dúvida, a rapariga pretendia confessar o seu amor por ele e suplicar-lhe um compromisso… Era precisamente o que ele tentara evitar. Gostaria de a ter como amante durante mais de uma noite, contudo, negara a si mesmo esse prazer. Ignorara-a deliberadamente com a intenção de que a rapariga se apercebesse de que não tinha nenhum futuro com ele.

Fora difícil, sobretudo a trabalharem no mesmo escritório. Muitas vezes, ao vê-la no seu local de trabalho, desejara levá-la para o escritório e fazer amor com ela sobre a secretária, contra a parede, no sofá… Porém, sempre se contivera. Tentara ser um homem nobre.

Aquele era o resultado. Três meses sem ter nenhuma mulher na sua cama e a perda de um negócio bilionário.

– Desculpe, senhor – disse Carmen Álvarez, nervosa. – Tentei impedi-la…

– Deixe-nos sozinhos, senhora Álvarez – respondeu ele.

– Mas, senhor… – começou a responder a mulher.

Diogo olhou para ela de tal forma que fez com que a senhora Álvarez saísse imediatamente e fechasse a porta atrás de si.

– Sente-se, menina Jensen! – ordenou ele.

A rapariga não se mexeu. Com os braços cruzados, olhou amargamente para ele.

– Acho que devias começar a chamar-me Ellie, não te parece?

Ellie? Ele nunca seria tão pouco profissional para tratar por tu um dos seus funcionários.

– Sente-se – repetiu.

Daquela vez, Ellie obedeceu e sentou-se na cadeira que havia diante da secretária dele. Tinha um aspecto muito infeliz, como se estivesse doente. O olhar dela fez com que Diogo se sentisse culpado e inquieto.

Obviamente, o seu silêncio não fora suficientemente claro. Teria de ser muito brusco e dizer-lhe que não tinha intenção de ter uma relação séria com ela.

Com sorte, Ellie aceitaria a sua decisão e voltaria a ser uma secretária eficiente. Tinha de lhe dar uma oportunidade… Contudo, se tivesse sido outro funcionário seu a fazer com que perdesse um contrato tão importante, tê-lo-ia despedido sem pensar duas vezes!

Contudo, não podia fazer isso a Ellie. Não depois de a ter seduzido no Rio de Janeiro. Não depois de ter pervertido a inocência da única rapariga verdadeiramente boa que conhecera em Nova Iorque.

– Qual é o assunto, menina Jensen? O que pode ser tão importante para que tenha desobedecido à senhora Álvarez?

– Tenho uma coisa para te dizer – respondeu Ellie, engolindo em seco.

– Sim?

Diogo esperou. Pensou que ia dizer-lhe que o amava, que não conseguia viver sem ele…

– Vou-me embora – disse Ellie. – Demito-me.

O alívio apoderou-se do corpo dele. Porém, então sentiu um arrependimento profundo.

– Lamento muito ouvir isso. Mas compreendo porque quer partir. Vou escrever-lhe uma carta de recomendação excelente e assim conseguirá que qualquer empresa da cidade a contrate.

– Não – Ellie abanou a cabeça. – Não compreendes. Não preciso de nenhuma carta de recomendação. Vou casar-me.

Muito impressionado, Diogo olhou para ela.

– Vai casar-se? – perguntou, sentindo um aperto no peito. – Quando?

– Esta tarde.

– Que rápido! – exclamou ele, apertando os punhos.

– Eu sei.

Diogo respirou fundo. Durante os meses anteriores, ela não parecera estar muito abatida pelo que acontecera com ele. Então, apercebera-se de que não a magoara quando a seduzira e de que ela se distraíra com um novo romance. Deveria sentir-se feliz.

No entanto, algo semelhante a uma fúria cega apoderou-se do seu corpo. Por alguma razão, sentiu vontade de dar um murro ao homem que, dentro de tão pouco tempo, teria Ellie Jensen na cama todas as noites…

– Quem é ele? – perguntou.

– Isso importa? – perguntou ela, endireitando-se.

– Não – respondeu Diogo, ficando tenso. – Não.

Ellie olhou para ele durante algum tempo.

– É verdade, não é? – perguntou finalmente, sussurrando. – Para ti, as mulheres são totalmente dispensáveis. Utiliza-las para que organizem a tua rotina, para que te façam o café ou para que te aqueçam a cama.

Ele pensou que nunca experimentara a sensação de uma mulher que ainda desejava o deixar e sentia-se furioso por isso.

– Devia saber, menina Jensen, que, como tem andado distraída com o seu novo namorado, me fez perder o contrato Trock…

– Já te disse para me chamares Ellie! – gritou ela. – E ainda não acabei!

Diogo cruzou os braços e forçou-se a esperar.

Ellie levantou-se lentamente da cadeira. Tinha os olhos cheios de lágrimas e parecia estar muito emocionada.

– Lamento o que aconteceu com o contrato Trock, Diogo, mas há uma coisa que deves saber – disse em voz baixa. – Vou… ter um bebé.

Um bebé? Ele ficou gelado. Ellie estava grávida do filho de outro homem.

Durante algum tempo, teve dificuldade em respirar. Ouviu o eco de uma voz de mulher que lhe suplicava em português…

– Casas-te comigo, Diogo?

Depois, a voz de um homem que lhe falava na mesma língua.

– Receio que esteja morta, senhor. Bateram-lhe até à morte…

– Diogo?

A voz de Ellie fez com que voltasse para o presente.