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Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

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TEMPESTADE DE PAIXÕES, N.º 1293 - Março 2011
Título original: The Virgin Secretary’s Impossible Boss
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Publicado em portugués em 2011

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.
Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.
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I.S.B.N.: 978-84-671-9717-4
Editor responsável: Luis Pugni

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Tempestade de paixões

Carole Mortimer

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PRÓLOGO

– Está combinado?

Andi olhou para o outro lado da sala, para o homem que tinha entrado recentemente na sua vida e na da sua mãe.

– Vá lá, Andi! – insistiu Linus Harrison, com impaciência, enquanto andava de um lado para o outro. – Não pode ser assim tão difícil dares-te conta de que não tens outra opção senão aceitar a minha oferta. Esse era o problema. Andi sabia que não tinha outra opção. E isso não lhe agradava.

Por fora, a sua expressão e a sua atitude permaneciam serenas. Por dentro, era outra história. Que razão poderia ter aquele homem para oferecer à sua mãe, que em breve se veria na rua, um lugar onde viver em troca de Andi aceitar ser secretária dele? Um homem como Linus Harrison, conhecido pela reputação desumana no mundo dos negócios, não podia estar a oferecer-lho simplesmente por ter um bom coração. Andi nem sequer tinha a certeza de que o tivesse. A dureza dos olhos verde-claros naquele rosto anguloso não ajudava a contradizer essa opinião.

Nada em Linus Harrison, da Propriedades Harrison S.A, era reconfortante. Media mais de um metro e oitenta, mais vinte e cinco centímetros do que ela, que media um metro e sessenta e quatro. Tinha o cabelo escuro e ligeiramente comprido, o qual afastava com impaciência da testa. A sua cara era tão angulosa como a de uma escultura. Tinha um nariz direito e arrogante sobre uns lábios que não pareciam sorrir com frequência. Um queixo quadrado que denotava a sua reputação desumana. O fato cinzento-escuro enfatizava a largura dos seus ombros musculados e a sua cintura estreita, à qual se seguiam umas pernas poderosas. Toda a sua pessoa estava imbuída de uma energia inesgotável que lhe parecia asfixiante.

Andi ficou de pé e não mostrou a sua inquietação quando olhou para Linus Harrison com os seus olhos castanhos.

– O meu nome é menina Buttonfield ou Andrea, como prefiro. Só a minha família e os meus amigos próximos podem chamar-me Andi – disse, arqueando as suas sobrancelhas loiras.

A expressão de Linus era brincalhona enquanto a contemplava com admiração. Andrea Buttonfield tinha classe.

Era nove anos mais jovem do que ele, que tinha trinta e cinco. A sua cabeça loira mal lhe chegava ao queixo. O seu cabelo liso, que lhe chegava ao ombro, estava cortado com estilo. A franja emoldurava uns olhos castanhos enormes. Havia olheiras debaixo daqueles olhos. As suas faces estavam ligeiramente encovadas, o seu nariz era pequeno e direito, e a sua boca formava um arco perfeito sobre o seu queixo pontiagudo e teimoso. A sua aparência fria e profissional era completada por uma saia preta e uma blusa de seda branca.

Nos últimos três meses, aquela mulher tinha sofrido uma tragédia atrás da outra e, mesmo assim, Linus só via determinação nos seus olhos enquanto ela o olhava sem pestanejar.

Linus inclinou a cabeça.

– Nesse caso, escolherei «Andrea», por enquanto – disse. – Devo advertir-te que não sou um homem paciente, Andrea – acrescentou, com dureza. – A minha oferta só é válida até às cinco horas em ponto de hoje.

Andrea respondeu ao seu ultimato, abrindo mais um pouco os olhos.

Ele encolheu os ombros.

– É assim que faço negócios, Andrea.

Ela abanou a cabeça.

– Não posso tomar uma decisão tão importante em apenas algumas horas.

– O problema é teu.

– Porquê tanta pressa?

– A minha actual secretária vai-se embora no fim do mês e preciso de uma substituta antes que isso aconteça – Linus sentou-se numa das poltronas de brocado dourado que decoravam aquela sala.

Como Linus já sabia, todas as divisões de Tarrington Park estavam decoradas e mobiladas com o mesmo estilo elegante. Era um estilo que Linus desejava manter quando comprasse Tarrington Park dentro de algumas semanas e a transformasse noutro dos seus hotéis com spa e centros de conferências. Era um estilo que, conforme lhe tinha dito Marjorie Buttonfield, a mãe de Andi, era obra da filha dela.

Aquele estilo aplicava-se a tudo o que estava relacionado com Andrea Buttonfield. Não era de estranhar. Andi tinha crescido na propriedade Tarrington Park e era filha única de Miles e Marjorie Buttonfield. Tivera uma infância de luxo e indulgências. Os colégios internos que tinha frequentado eram os melhores do país. O seu curso de Língua Inglesa pela Universidade de Cambridge era um dos mais prestigiados. Depois da universidade, Andrea tinha-se mudado para Londres e tornara-se secretária de Gerald Wickham, director da Wickham Internacional.

Sim, Andrea Buttonfield tinha estilo.

A infância e a educação de Linus tinham sido muito diferentes das de Andi e fora o seu estilo e a sua classe que invejara desde que a conhecera oito semanas antes, quando tinha vindo ver Tarrington Park com a intenção de a comprar.

O seu pai e o seu noivo, David Simmington-Browne, tinham morrido num acidente de carro, quatro semanas antes. Durante as semanas posteriores, tinham descoberto não só que a empresa do seu pai estava na bancarrota, como também que havia dívidas consideráveis. Vender a casa familiar tornara-se a única solução para saldar essas dívidas.

Linus investigara Tarrington Park, Andrea e a recentemente viúva Marjorie Buttonfield. Sabia que vender a residência familiar deixaria Marjorie sem casa e sem meios para se sustentar, salvo o salário que a sua filha ganhava como secretária de Wickham.

Fora uma racha na armadura de Andrea Buttonfield que Linus não tinha hesitado em usar a seu favor.

– Pensa nisso, Andrea – disse Linus, com um sorriso. – Como minha secretária, ganharás mais. A tua mãe e tu poderão mudar-se para a casa da entrada, o que será menos traumático para ambas, para além de não terem de pagar renda. Poderias continuar a ter o teu cavalo nos estábulos. No que te diz respeito, sairás a ganhar.

Andi já estava ao corrente de todas as vantagens que teria ao aceitar a oferta de Linus Harrison. Eram as desvantagens que a preocupavam. Não conhecia Linus Harrison. Não confiava nele. Mas, sobretudo, não gostava daquele homem.

Dada a reputação de homem desumano nos negócios, Andi não acreditava que fosse um homem impulsivo, o que a fazia pensar que, provavelmente, teria pensado muito no assunto antes de lhe fazer a oferta.

– E o que ganha o senhor com isto? – perguntou.

– Segundo o próprio Gerald Wickham, ganho a melhor secretária do hemisfério ocidental.

– Já falou com Gerald sobre mim? – perguntou Andi, surpreendida. Por isso, sabia que o que lhe oferecia era mais do que o seu salário.

Linus Harrison encolheu os ombros.

– Não pensaria em contratar-te como secretária sem ter falado primeiro com o teu anterior chefe.

– Com o meu actual chefe! – corrigiu-o Andi. – E não tinha nenhum direito de falar com Gerald.

– Tinha todo o direito – respondeu Linus, com frieza. – Não contrataria alguém só porque parece bom, tal como não compraria um carro só por ter umas linhas suaves.

– Não sei se isso é um insulto ou um elogio!

– É simplesmente um facto – respondeu Linus. – Pelo que sabia, poderias ser patética no teu trabalho e simplesmente ir para a cama com Gerald Wickham para manteres o emprego.

Era uma hipótese que não agradava a Linus e distava muito da classe e do estilo que Andrea Buttonfield possuía. Era verdade que, até há três meses, Andrea estava noiva de Simmington-Browne. Mas isso não significava que não fosse para a cama com o chefe. Depois de se reunir com Gerald Wickham, Linus tinha ficado convencido de que ele apenas pensava em Andrea como um tio indulgente pensaria na sobrinha favorita, não como numa amante reservada para o seu deleite físico.

Linus não sabia porque é que essa informação deveria importar-lhe. Era verdade que o seu próprio código de conduta no que se referia às funcionárias fe-mininas ditava que não podia envolver-se com nenhuma delas, mas sabia que muitos homens na sua situação não pensavam o mesmo.

Andi não sabia se devia zangar-se ou indignar-se com a familiaridade da conversa daquele homem. Decidiu que o desdém seria a melhor opção.

– Imagino que Gerald tenha satisfeito a sua curiosidade sobre esse assunto.

– Totalmente – confirmou Linus Harrison.

Andi olhou para ele, frustrada.

– Estou muito satisfeita com o meu actual emprego, senhor Harrison. Ofereceram uma casa na vila à minha mãe. E um dos estábulos da zona acedeu a ficar com o meu cavalo. Portanto, como vê, senhor Harrison...

– Como já disse, não preciso da casa do jardim, portanto, não terias de pagar renda. Também não terias de pagar para que o teu cavalo estivesse aqui. Além disso – continuou, antes que Andi pudesse interrompê-lo, – achas realmente que o estado emocional delicado da tua mãe suportará mudar-se para uma casa na vila onde a tua família sempre foi considerada de bem?

Andi ficou muito quieta. O acidente de carro que acabara com a vida do seu pai e do seu noivo tinha-lhe parecido um golpe quase insuportável na altura. Inicialmente, a única coisa que a tinha feito controlar a sua dor fora a necessidade de se manter concentrada para o bem da sua mãe. Descobrir, poucos dias depois, a falência da empresa do seu pai tinha sido outro golpe que Andi não esperara.

A sua mãe não tinha reagido bem. A perda do marido depois de trinta anos, seguida da certeza de que estava prestes a ficar sem casa, tinha deixado Marjorie à beira do desequilíbrio mental. Mais um golpe e Andi sabia que a sua mãe saltaria do precipício.

As últimas semanas tinham sido um pesadelo enquanto Andi tentava gerir as visitas à sua mãe ao fim-de-semana e o seu trabalho exigente em Londres como secretária de Gerald durante a semana. Era uma pressão que começava a afectar Andi depois de três meses, tanto a nível emocional, como físico.

A verdade era que a sua mãe seria muito mais feliz se Andi voltasse a viver com ela em Hampshire, sobretudo, se lhe permitissem ficar na casa do jardim de Tarrington Park. Andi sentir-se-ia mais feliz sabendo que a sua mãe estava confortável. Era a ideia de se tornar secretária de Linus Harrison que a impedia de se alegrar com a oportunidade que estava a oferecer-lhe.

Isso e o facto de simplesmente não gostar, nem confiar nele.

– Não tenho a certeza de querer trabalhar para um homem que utiliza a fraqueza de outra pessoa para conseguir o que deseja – disse-lhe.

Ele dirigiu-lhe um sorriso brincalhão.

– Não creio que um dos requisitos do cargo seja que gostes de mim – respondeu.

– E poderia dizer-me quais são os requisitos do cargo?

– Obviamente, as mesmas tarefas que executas neste momento. Além disso, quando o trabalho começar, passaremos quase todo o nosso tempo aqui, pelo menos, no próximo ano, a trabalhar na transformação de Tarrington Park num dos hotéis prestigiados e centros de conferências da minha empresa. De vez em quando, terei de ir ao meu escritório em Londres e também terei de visitar os meus outros hotéis. Mas, geralmente, gosto de acompanhar todos os detalhes das alterações do edifício. Não deverá haver muitas, pois esta casa já se parece bastante com o que tenho em mente. Gostaria que te encarregasses da decoração. Normalmente, contrato uma equipa de Londres, mas tu conheces esta casa melhor do que ninguém. A tua contribuição será impagável na altura de decorar e mobilar os quartos com um estilo que se adeqúe às instalações. Com a tua ajuda, Andrea, espero que Tarrington Park se torne um dos hotéis e spas mais luxuosos do país.

Andi sentiu-se emocionada enquanto Linus Harrison explicava os planos para a que tinha sido a casa da sua infância. Como é claro, teria preferido não ter de vender a casa e que a sua mãe pudesse continuar a viver ali, mas, depois dos últimos meses, Andi sabia que isso era impossível. Com a venda de Tarrington Park, poderiam saldar as dívidas do seu pai e, embora Linus Harrison fosse provavelmente a última pessoa a quem Andi gostaria de a vender, a oferta de emprego dele significava que, pelo menos, teria alguma coisa a dizer nas alterações na decoração. A sua mãe poderia continuar na propriedade, embora na casa do jardim e não na mansão.

Linus viu a indecisão no seu olhar.

– Admite, Andrea, tu aprovas a ideia.

– A ideia, talvez – respondeu ela. – A realidade é outra coisa. Não tenho a certeza de que conseguisse trabalhar para si.

– Porque raios não conseguirias? Não, deixa-me adivinhar. Alguém com o teu passado privilegiado estremece perante a ideia de ser contratada por alguém como eu.

Ela pestanejou.

– Alguém como o senhor?

– Tenho a certeza de que tu, como qualquer outra leitora de imprensa cor-de-rosa, estás a par do meu passado – disse Linus.

Durante os anos, a imprensa tinha realçado muito o facto de Linus ter começado a trabalhar há quinze anos, apenas com a sua inteligência e determinação em triunfar. Que, apesar de agora ser multimilionário, era filho de uma mãe solteira, crescera nos subúrbios de Glasgow, deixara a escola aos dezasseis anos para trabalhar na construção.

Em apenas quatro anos, já tinha a sua própria empresa de construção, comprava propriedades em ruínas e transformava-as em hotéis, cada um mais luxuoso do que o anterior. Actualmente, quinze anos depois, Linus possuía dúzias de hotéis por todo o mundo.

Durante os anos, tinha perdido o seu sotaque de Glasgow, tinha aprendido a usar fatos Armani como se tivesse nascido para isso e sentia-se tão confortável na companhia de magnatas como na dos seus próprios trabalhadores.

Andrea Buttonfield sentiu-se confusa com o seu tom acusador.

– Porque deveria importar-me o seu passado?

Linus repreendeu-se imediatamente por revelar aquela pequena racha na sua armadura. No que dizia respeito a Andrea Buttonfield, ela tinha razões suficientes para o desprezar, simplesmente por ser o homem decidido a comprar-lhe a casa familiar e a transformá-la num negócio rentável.

– Decidi que, afinal, não quero esperar pela tua decisão, Andrea – disse, com impaciência. – Qual é a tua resposta? Ou aceitas, ou não.

Andi queria recusar. O seu instinto dizia-lhe que devia fazê-lo. Mas a lembrança de como a sua mãe tinha mudado nos últimos três meses foi suficiente para que pensasse melhor.

A oferta de emprego de Linus Harrison resolveria muitos dos seus problemas no que se referia à sua mãe. Andi sabia que seria parva se rejeitasse aquela oferta só pelo facto de estar na mesma sala que Linus Harrison a deixar nervosa.

Respirou fundo, antes de responder:

– Muito bem, aceito a sua oferta, senhor Harrison. Mas o meu contrato diz que tenho de avisar Gerald com três meses de antecedência, não com um.

Linus Harrison pareceu imperturbável.

– Consigo viver com isso.

Andi só esperava que conseguisse viver com as consequências da sua decisão...

CAPÍTULO 1

– Faz as malas, Andi. Vamos alguns dias para a Escócia!

Andi levantou a cabeça, franziu o sobrolho e olhou para Linus, à porta que separava os seus escritórios no último andar de Tarrington Park. Já sabia que estava ali, no seu apartamento privado no fim do corredor, pois tinha visto o seu carro estacionado à entrada ao chegar para trabalhar naquela manhã. Foi o que disse que fez com que reagisse daquela maneira.

– Para a Escócia?

Linus entrou no escritório e apoiou-se na secretária dela. Usava o cabelo ligeiramente mais curto do que há um ano. O verde-claro dos seus olhos continuava a brilhar com a mesma astúcia sobre os seus traços duros e cinzelados enquanto a olhava.

– Agora que Tarrington Park já abriu as suas portas, estou à procura de outro grande projecto no qual trabalhar. Há um castelo na Escócia que estou a pensar em comprar.

– E queres que vá contigo?

Nunca tinha sugerido levá-la nas suas viagens. Embora também não o tivesse sugerido desta vez. Linus tinha-lhe dito que iam.

– És a minha secretária – recordou-lhe ele.

Andi era muito consciente disso. Tal como tinha consciência de que, nos últimos meses, tinha começado a ver Linus como mais do que o chefe exigente que passava alguns dias por ali para ver os progressos em Tarrington Park e depois regressava à sua vida e ao seu apartamento em Londres.

Esperar que Andi o acompanhasse até à Escócia numa viagem de negócios era bastante razoável. De facto, quando ela trabalhava para Gerald Wickham, acompanhava-o nas viagens de negócios. Mas Linus não era Gerald...

Consciente da reputação desumana de Linus no que se referia às mulheres, Andi prometera a si mesma manter-se afastada dele ao começar a trabalharem juntos, um ano antes. Não era difícil obtê-lo, quando se sentia emocionalmente paralisada depois da morte de David e do seu pai.

Mas, gradualmente, tinha começado a esperar com vontade pelas visitas de Linus. Tinha começado a apreciar o encanto dos seus olhos e a malícia sexy no seu sorriso. Inclusive, reparava na largura dos seus ombros e na força do seu corpo musculado quando caminhava por Tarrington Park a dar ordens.

E, do mesmo modo, tinha consciência da proximidade dele naquele momento, apoiado na sua secretária.

– De que aeroporto partiremos? – perguntou ela, quando Linus se afastou finalmente.

– Estava a pensar em levar o Range Rover.

– Queres ir de carro? – Andi olhou pela janela e viu o céu invernal sombrio. – Não neva na Escócia em Fevereiro?

– Deixa de ser tão susceptível, Andi – respondeu Linus. – Qualquer um diria que não queres ir à Escócia comigo.

E era verdade.

A ideia de estar sozinha na Escócia com Linus durante vários dias fez com que lhe acelerasse o pulso.

– Qual é o teu problema, Andi? Tens outros planos para este fim-de-semana? Um encontro romântico, tal-vez? – acrescentou, com tom brincalhão.

– É claro que não – respondeu ela.

– É claro que não – repetiu ele, com um sorriso. – Passou mais de um ano desde que o santo David Simmington-Browne morreu. Não está na hora de recomeçares a viver? – sobretudo, porque o noivo de Andi não tinha sido absolutamente santo. Durante o último ano, tinha descoberto muitos segredos do outro homem. Segredos dos quais Andi não estava ao corrente...

A sua decisão de contratar Andrea Buttonfield e de lhe dar liberdade na decoração de Tarrington Park tinha sido a melhor jogada empresarial que fizera. Mas o hotel e centro de conferências já tinha aberto há um mês, gerido, com sucesso, por Michael Hall, e já estava na hora de passar para outra coisa. Para os dois.

Andi tinha-se zangado ao ouvir o nome de David.

– A minha vida privada não te diz respeito – disse, com voz gélida.

– Tu não tens vida privada – respondeu ele.

– Então, ainda bem que tu tens de sobra para os dois, não é? – Andi dirigiu-lhe um olhar feroz, sabendo, graças às fotografias que, às vezes, apareciam nos jornais, que a vida de Linus em Londres envolvia noites com uma mulher. Mulheres que raramente despertavam o seu interesse durante mais de dois meses.

– Estás com ciúmes?

Andi levantou-se abruptamente e perguntou:

– Porque haveria de estar com ciúmes? Se essas mulheres são suficientemente estúpidas para aceitarem o pouco que queres dar-lhes, o problema é delas. Garanto-te que não tenho nenhum interesse em aquecer a tua cama!

Andi arrependeu-se das suas palavras ao pronunciá-las, ao dar-se conta de que talvez tivesse revelado demasiado.